“Tem que consertar o Brasil pra gente trabalhar…”
Escutei este comentário de um vizinho da pousada que me hospeda na cidade de Extrema-MG. Próxima ao centro, é uma região de residências simples.
Extrema é uma cidade pequena, com 30.000 habitantes, porém possui IDH alto. Nos últimos 20 anos, diversas indústrias se estabeleceram na cidade em busca de impostos menores do que na região metropolitana de São Paulo.
Trabalhadores do Brasil inteiro residem na cidade e não é difícil encontrar quem não tenha trabalhado em mais de uma fábrica como Kopenhagen, Bauducco ou centros de logística da Centauro e Johnson & Johnson.
Muitos destes trabalhadores optaram por juntar economias e informalmente comprar um trailer de cachorro quente, abrir uma oficina para motos, uma barraca de produtos “importados” do Brás ou da 25 de março e outras atividades para atender as demandas de consumo de outros trabalhadores.
O mesmo aconteceu na zona leste de São Paulo com parentes próximos. Um pai e avô com uma idade que já não lhe possibilita encontrar emprego formal, compra máquinas, geladeiras e insumos para produzir e vender sorvetes no bairro, dentro da garagem. A filha, com formação superior na área de saúde desiste da rotina e baixos salários de um segmento extremamente regulado para aproveitar a mesma garagem e fazer pastéis com qualidade, iguaria apreciada por qualquer um.
Boa parte dos brasileiros que conheço não estão preocupados com registro na receita, CNPJ, substituição de ICMS e regime tributário. Estes trabalhadores querem comprar matéria-prima, agregar esforço e empenho para oferecer um produto ou serviço para seu “público alvo” e ser remunerados por isso para continuar a estimular o fluxo que gera trabalho e consumo de bens para outros trabalhadores, espontaneamente e sem controle centralizado, sem a prestação de contas de como se deve escolher viver.
A maior parte das pessoas não espera grandes planos governamentais, desdobramentos políticos ou ajuda de figuras “salvadoras”. Espera a liberdade de criar, produzir e consumir sem dificuldades, com o uso do próprio esforço e talento em desenvolvimento contínuo. As pessoas querem e precisam de livre mercado.