Alguns dias antes da votação do impeachment, refletia sobre a realidade da militância no Brasil: foi nítido que a comunidade LGBT apoiou fortemente a luta “contra o golpe”. Bandeiras dos movimentos eram vistas nas passeatas em defesa do governo, a opinião LGBT quase que unânime esteve a favor do PT, o grito de guerra era uníssono e ensaiado.
Sendo libertário, enxergo as manobras dos movimentos sociais a luz de teorias políticas e traço panoramas que pessoas de fora do mundo libertário não conseguem enxergar.
O maior erro que o movimento LGBT já cometeu na sua história foi se politizar. O meio político é o verdadeiro destruidor de lares, tem o poder de colocar grandes amigos uns contra os outros por mera discordância, e pior, colocar uma sociedade inteira contra si mesma.
Enquanto no mundo capitalista o movimento LGBT começava a conquistar suas primeiras liberdades, no mundo socialista eram vistos como uma praga. Nas palavras do líder soviético Joseph Stalin, o homossexualismo era uma doença burguesa, visão repetida pelos demais líderes socialistas como Che Guevara e Fidel Castro, que fuzilaram homossexuais e são idolatrados até hoje pela esquerda, inclusive pelos LGBTs. Com o andar da carruagem, a esquerda revolucionária percebeu não ser mais possível dividir apenas a sociedade entre proletários e burgueses, era preciso criar outras novas classes e colocá-las para se odiar e se tornarem massas de manobra política. É ai que entra a comunidade LGBT no meio político. Esta se tornou um novo alvo a ser cooptado por aqueles que pretendem chegar ao poder e implantar os seus ideologismos.
Mas como fazer para que uma classe tão perseguida pelo esquerdismo revolucionário siga os passos dos seus algozes? Como fazer a comunidade LGBT adorar comunistas homofóbicos, regimes totalitários, partidos que defendem abertamente as sanguinárias revoluções socialistas e os regimes teocráticos do Oriente Médio, além de sistemas econômicos que lhes impedem de acumular riqueza e consequentemente melhorar sua qualidade de vida?
Isso se deve ao marxismo gramscista, uma tática da esquerda revolucionária para chegar ao poder e nele se perpetuar. Do marxismo se absorve a ideia de dividir a sociedade em classes, colocando-as para conflitarem, e do gramscismo se absorve a tática de ocupar todos os espaços de difusão de conhecimento, assim, toda informação que chegue aos ouvidos dos cidadãos estará contaminada.
Essa batalha que a esquerda travou no Brasil não usa armas de fogo, mas sim esforços para ocupar todos os espaços possíveis, fazendo sua voz atingir o número máximo de pessoas. Dominando-se a difusão do conhecimento, a história pode ser reescrita conforme a vontade do seu escritor. O movimento revolucionário que atua no Brasil desde seus primórdios tratou de reverter a história a seu favor, limpando os rastros de sangue que deixaram por onde passaram, transformando os piores facínoras que o mundo já conheceu em verdadeiros heróis divinos.
Foram necessárias ocupações de universidades, escolas, jornais, rádios, revistas, sindicatos, associações de bairro e agremiações estudantis para que a história distorcida contada não fugisse do controle. O cerceamento do contraditório inibe ou reduz a capacidade de estabelecer paradoxos, racionalizações e questionamentos, o que culmina em indivíduos que pouco a pouco aceitam a trama como se realidade fosse.
Tudo isso não passa de um processo lento e gradual de transformação do indivíduo em uma massa de modelar pronta para ser amoldada conforme vontade daqueles que promovem este processo. É a redução do indivíduo ao mínimo possível, é a redução do indivíduo a um pensamento, a um comportamento ou a uma mera característica de sua existência. E foi exatamente isso o que aconteceu com o movimento LGBT no Brasil.
Quando homossexuais apontam o dedo para outros para os acusar de “homofóbicos” por mera discordância política, quando utilizam gritos de “homofóbicos, intolerantes, opressores” contra qualquer um que não concorde com suas pautas, quando reagem com gritos de “coxinha, burguês, tucano, neoliberal” às pessoas que se posicionam contra o governo do PT ou quando culpam toda a sociedade por um homossexual morto, vemos o produto de um processo que teve como finalidade reduzir indivíduos a mera condição de homossexual, a um processo que fez o indivíduo se despir de sua existência livre e se enxergar meramente como parte de um todo agregado que se resume a ser LGBT.
A verdade é que a comunidade LGBT no Brasil aceitou o papel de um rebanho facilmente guiável por um senhor que levante a bandeira do arco-íris e diga “Aqui estou!”. O governo do PT sempre fez propaganda pautada no público LGBT, fazendo deste uma verdadeira massa de manobra política barganhando votos. No entanto, o PT nunca cumpriu as promessas que fez em épocas de campanha. Atualmente, Jean Wyllys se diz oposição ao governo petista, mas não perde uma chance de defendê-lo. Em meio à crise política, ele foi incapaz de pressionar o governo por realizações de suas promessas, preferindo apontar o dedo para a oposição para chamá-los de golpistas. De tanto isto se repetir, cada vez mais pessoas enxergam os LGBTs como objetos políticos, aumentando a rejeição às suas pautas.
A estratégia de politização do movimento LGBT no Brasil não tinha outra finalidade se não a de formar militantes aptos a defender toda a estrutura revolucionária sem ao menos questionar o motivo. O fortalecimento do lado contrário às pautas homossexuais é produto da postura tomada pela comunidade LGBT, a qual se tornou uma arma de disputa política, deixando de lado a luta pela liberdade.