Com o avanço do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, Temer já é dado como certo para ocupar a cadeira presidencial do Palácio do Planalto. O presidente interino tem articulado para montar sua equipe de governo em amplas discussões com políticos, intelectuais e empresários, mas talvez o tão festejado Plano Temer tenha implodido antes mesmo de ver a luz do sol.
O grito de guerra dos “isentões”, capitaneados por Marina Silva, está a um passo de se concretizar. Nem Dilma, nem Temer, nem Cunha, nem Renan. O Fora Todos que antes era apenas um delírio da sonhática terceira via da corrida eleitoral agora começa a tomar corpo graças a última bomba detonada pela Lava Jato. Trata-se do acordo de delação premiada do ex-presidente da Engevix, José Antunes Sobrinho, preso na Nessun Dorma, 19ª fase da operação.
Daniel Haidar, Ana Clara Costa e Diego Escosteguy da ÉPOCA tiveram acesso ao documento em que Antunes afirma de forma categórica ter pago propina a operadores que falavam em nome do vice-presidente da República, Michel Temer e Renan Calheiros, ambos do PMDB. Segundo ele, nos governos petistas, os dois patrocinaram a nomeação de afilhados políticos em estatais como Petrobras e Eletronuclear. Antunes também afirmou ter pago milhões em propina ao caixa clandestino do PT em razão de vantagens indevidas obtidas pela Engevix na Caixa, no fundo de pensão do banco (Funcef), em Belo Monte, na Petrobras e no Banco do Nordeste. Ainda de acordo com Antunes, o PT, em especial por meio de José Dirceu e João Vaccari, ambos presos na Lava Jato, também patrocinava afilhados políticos nesses órgãos públicos. Antunes disse que foi pressionado por Edinho Silva, então arrecadador de Dilma e hoje ministro no Planalto, a financiar a campanha da presidente em 2014.
Antunes e boa parte dos principais delatores da Lava Jato afirmam que esse modelo de negócios só era possível graças à maior das canetas: a da presidente da República. Sem ela, nenhum desses afilhados políticos estariam nos postos para os quais foram despachados por PT e PMDB, até então os dois principais partidos da coalizão governista. Para manter boas relações com o Planalto, Antunes diz que pagou para ter a influência do advogado Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma. Afirma que pagou, também, para a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, que foi a principal assessora de Dilma até 2010.
Com a queda de Dilma se aproximando, paira a dúvida sobre sua sucessão. Será que teremos novas eleições ainda em 2016? Ou será que a oposição blindará o atual vice-presidente em nome da governabilidade? Breve, em House of Brasília.