O artigo 16 da Lei 12.871 de 22 de outubro de 2013, que instituiu o Programa Mais Médicos, dispõe sobre o limite temporário para o exercício da medicina por médicos intercambistas participantes do programa. O dispositivo dispensa a revalidação do diploma destes profissionais estrangeiros nos primeiros três anos de participação. Ou seja, passado este prazo, para exercer a medicina no Brasil, estes profissionais deveriam revalidar o diploma de origem estrangeira, o que ocorre através de um processo no qual incluí um exame de avaliação de conhecimento na respectiva área, em conformidade com o art. 48, § 2º da Lei 9.394.
O prazo está chegando ao fim e para contornar isso, na manhã desta sexta-feira, 29 de abril, a presidente Dilma Rousseff anunciou a prorrogação da permanência de sete mil profissionais participantes do Mais Médicos formados no exterior por mais três anos. O pronunciamento foi feito diante de autoridades, integrantes do programa e militantes do Partido dos Trabalhadores. Estas e outras medidas foram anunciadas na mesma solenidade com o escopo de agradar a base aliada dias antes da votação do processo de impeachment no Senado e desgastar politicamente a possível gestão de Michel Temer. A verba destinada ao Programa já alcança o valor de R$ 2,7 bilhões.
O programa do Governo Federal surgiu, supostamente, com o intuito de levar médicos a lugares carentes nos quais faltam tais profissionais. Não equipamentos adequados para atendimento, mas sim profissionais da medicina. A propaganda do governo, carregada de marketing publicitário, fez alusões pesadas a uma medicina humanística e solidária, uma medicina na qual o trabalho de um médico competente torna-se apalpar carinhosamente o paciente e não fazer um diagnóstico correto e preciso a respeito do estado de saúde do mesmo.
A tentativa esdrúxula de humanizar a medicina torna a mesma ineficaz. De que serve um médico que sabe ouvir desabafos, mas não sabe diagnosticar? O médico não pode deixar o tempo do atendimento se esvair em conversas demoradas sobre coisas que nada auxiliam no exercício da medicina. Um médico competente é um médico prático, que está disposto a ouvir o que estiver ligado ao problema que levou o paciente a consultá-lo e não seus desabafos. O povo brasileiro, educado para ser tolo e carente, ama receber atenção desnecessária. A médica cubana, elogiada por ouvir a “lenga lenga” demorada de uma senhora de algum interior sofrido pelo descaso estatal, poderia, na verdade, nem saber o que passa no organismo da senhora.
O “Mais Médicos” compra todas as prefeituras que usam o jeitinho brasileiro para livrar-se da despesa de pagar um médico, uma vez que o Governo Federal se propõe a pagar o profissional do programa para que as prefeituras participem. Além de servir ao financiamento da ditadura cubana, com o repasse de 60% dos rendimentos desses profissionais por meio de uma operação ilegal. Nos últimos anos, o governo já repassou bilhões de reais para a ditadura cubana por meio da Organização Pan-americana de Saúde (Opas).
O triângulo simplista reina nas estratégias esquerdistas: o governo, salvador que busca a solução certeira e perfeita, o vilão (no caso, a classe médica brasileira se tornou o bode expiatório) que defende os próprios interesses e não se importa com os demais e o povo, que deve ser protegido pelo primeiro. A ideia de que a classe médica é corporativista, egoísta e não se importa com uma medicina humana (lê-se que não quer trabalhar gratuitamente para o governo) foi disseminada de forma a discriminar toda uma classe de profissionais, tornando esta classe um grupo que deve ser odiado pelo povo, pois trata-se de vilões que devem ser combatidos, e o governo surge para ser idolatrado pela massa de manobra ao combater aqueles corporativistas que não querem ficar em áreas carentes.
O programa “Mais Médicos” nada mais é do que uma espetacular tentativa de tornar o estado um pai que acolhe seu povo sob suas asas ao resolver problemas que ele mesmo criou. Uma tentativa de divulgar o próprio governo como algo tão bom que torna quem for contra qualquer medida do mesmo alguém que deseja o mal do povo para proteger somente os próprios interesses. Estratégia espetacular! Convence os bobos e alegra os tolos.