O dia 23 de junho de 2016 entrou para a história da humanidade como o dia em que o Reino Unido declarou sua “independência” da União Europeia por meio de um referendo popular em que o “Brexit” venceu. Seria isso uma boa notícia?
A União Europeia (UE) é um grande caso que ilustra o fracasso do intervencionismo. Para ser justo, em seus estágios iniciais havia a ideia de criar uma verdadeira zona de livre comércio, com fronteiras livres para produtos, trabalho e capital. Isso foi alcançado no começo nos anos 1990 e trouxe efeitos positivos para o crescimento e renda em basicamente todas as nações que faziam parte da UE na época. Mas os políticos da UE não pararam, eles queriam mais poder.
Desde então, a UE tem trabalhado duro para acabar com o sistema de “federalismo” europeu e sua competição entre países soberanos, substituindo-o por uma superpotência com poder político, econômico e financeiro centralizados em Bruxelas.
A abordagem intervencionista da UE trouxe uma situação sombria no ponto de vista econômico e financeiro para muitos países membros da UE: desemprego em massa, contas públicas em desordem e ridículas perspectivas de crescimento.
O apogeu da megalomania fatal da UE foi a introdução do euro em 1999: as moedas das nações parte da União Monetária Europeia foram substituídas por uma única moeda, o euro, emitida por um único banco, o Banco Central Europeu (BCE).
Desde o início, o BCE liberou uma colossal farra da dívida, o que quebrou estados, bancos e consumidores. Para esconder a bagunça, o BCE reduziu a taxa de juros para abaixo de zero e continua imprimindo dinheiro – as únicas opções restantes para evitar que o euro desabe.
As políticas do BCE não fazem qualquer bem além de esconder os problemas por determinado tempo. A verdade é que elas causaram uma escassez de poupança e investimentos, um excesso de consumo e maus investimentos em grande escala, destruindo os pilares em que a prosperidade se sustenta.
Mesmo com a disfuncionalidade de sua centralização, a UE está determinada a prosseguir esse caminho de forma ainda mais radical por meio da “conclusão da união econômica e monetária da Europa”, basicamente por meio da “coordenação das políticas econômicas”. Ou seja, o fim da soberania econômica de cada país membro rumo à “pátria grande” europeia.
Por que países menores são melhores
No livro The Breakdown of Nations (1957), Leopold Kohr mostra que países com extensão territorial menor são mais produtivos e pacíficos do que países grandes, e que praticamente todos os problemas políticos e sociais poderiam ser reduzidos de forma drástica por meio da dissolução de grandes países em diversos países pequenos.
Visto por este ponto de vista, o “Brexit” é igualmente positivo no sentido de livrar a Grã-Bretanha de um superestado que está em uma rota de crescimento que não pode e não será bem-sucedida.
Dois motivos pelos quais o “Brexit” é uma boa notícia
Primeiro, o “Brexit” pode ser o começo do fim do superestado da Europa na medida em que mais países podem decidir por sair do bloco, aumentando a perspectiva de que a UE volte a ser apenas uma zona de livre comércio com concorrência entre os países membros.
Segundo, e ainda mais fundamental, o mero debate sobre o “Brexit” realçou o fato de que o estado (ou seja, o monopólio territorial da coerção com poder decisório centralizado) é basicamente sempre o problema e nunca a solução.
Os estados atuais atuam contra a liberdade individual. E isso se torna ainda pior quando os estados começam a se unir, unificando seu poder em uma estrutura superestatal – como a União Europeia.
O “Brexit” pode ser a chave para fazer a Europa abandonar seu rumo de destruição e voltar ao caminho da liberdade e prosperidade.
[avatar user=”marcelo” size=”100″ align=”left” link=”http://www.ilisp.org/author/marcelo” target=”_blank”]Traduzido por: Marcelo Faria[/avatar]