A proibição estatal de um determinado produto, serviço ou ato que não seja contrário aos direitos à vida, liberdade e propriedade dos indivíduos não impede que estes deixem de existir, apenas incentiva que os criminosos – que não respeitam a lei por definição – atuem no setor e o monopolizem.
Quando o estado proíbe as armas, aqueles que respeitam as leis se desarmam enquanto os bandidos ignoram a lei e usam armas cada vez mais potentes. Quando o estado proíbe as drogas, aqueles que respeitam as leis deixam de vender drogas enquanto os bandidos ignoram a lei e ganham o monopólio de venda de drogas, garantindo lucros astronômicos. Quando o estado proíbe os “jogos de azar”, aqueles que respeitam as leis fecham as portas, enquanto os bandidos novamente ignoram a lei e ganham o monopólio da exploração do jogo do bicho, bingos clandestinos e toda sorte de jogo de azar “ilegal”.
O mesmo irá acontecer agora nas campanhas políticas. Movidos pela lógica estúpida de socialistas que dizem ter medo do capital privado (“que distorce a democracia”) enquanto vivem às custas do dinheiro privado dos outros, o Supremo “impediu” que empresas doem dinheiro para campanhas políticas. Legalmente, claro. Ilegalmente, aqueles que já faziam Caixa 2 continuarão fazendo Caixa 2, parte dos doadores legais se tornarão ilegais e a outra parte que prefere respeitar a lei deixará de doar. Mas, da mesma forma que nos mercados de armas, drogas e jogos de azar, os criminosos não ficarão fora desse novo setor garantido a eles pelo estado. Em reportagem da Isto É dessa semana, o “Primeiro Comando da Capital”, a principal organização criminosa do país – sustentada justamente pelas proibições estatais mencionadas anteriormente – pretende eleger 10 prefeitos e 50 vereadores somente no estado do Ceará. Imagine quantos serão eleitos pelo Brasil.
E sabe o que esses políticos eleitos com dinheiro ilegal farão? Lutarão com todas as forças para manter as armas, drogas, jogos de azar e doações políticas ilegais. Não em nome do crime, isso pega mal na campanha. Mas em nome da “família brasileira” e “das crianças e adolescentes”.
Quando algum político defender uma proibição estatal, pode estar certo: ele defende o crime.