Desde 2015 o acesso ao crédito ficou mais difícil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que chegou a oferecer 77% do dinheiro para a compra de caminhões no país a uma taxa de juro de 2,5% ao ano, mudou de estratégia. O BNDES passou a financiar uma fatia menor do valor dos veículos. E quem dependia do crédito também agora tem de mudar.
Acostumadas com crédito subsidiado, muitas empresas agora correm atrás de recursos privados para financiar seus empreendimentos, como é o caso da montadora americana DAF. Com o fim do crédito fácil do BNDES, os executivos da montadora planejam abrir o próprio banco para financiar a venda de caminhões. No entanto, como se não bastasse distorcer o mercado por muitos anos com crédito barato, o estado brasileiro tem criado ainda mais um obstáculo. O Banco Central pode levar até 2 anos para autorizar a criação da instituição financeira no país, até lá a empresa terá que buscar outras formas de financiamento para sobreviver no mercado.
Com seu banco, parte do grupo Paccar, com receita global de 17 bilhões, a DAF espera vender mais caminhões — hoje são 1 500 por ano. “Queremos estar com nosso banco pronto para quando o mercado reagir”, diz Luis Gambim, diretor comercial da DAF. Nos cálculos da DAF, em 2022 os recursos do BNDES vão representar metade do valor usado na compra de caminhões no país, abrindo espaço para o banco da montadora gradualmente crescer nos empréstimos — parte com repasses do BNDES, parte com capital próprio.