O condomínio onde moro tem apenas uma coisa cujo custo é socializado para todos: o fornecimento de água.
Como resultado disso, o prédio ficou sem água pela quarta vez em poucas semanas (para tentar resolver um problema criado pelo excessivo uso de água). O fornecimento de energia, que é pago individualmente por cada morador, nunca faltou e nem deu problema até hoje.
Na medida em que não há incentivo para que cada um, individualmente, gaste menos água – afinal, o custo é socializado a todos – cria-se um incentivo ao desperdício e uso indiscriminado do recurso. Se você economiza, essa economia é socializada a todos e você, individualmente, tem um benefício pequeno com isso. Se desperdiça, o custo é distribuído aos demais, reduzindo o valor extra que você paga. Resultado: o sistema de distribuição de água do prédio entra em colapso de tempos em tempos pelo excessivo uso de água.
E isso serve para qualquer produto ou serviço que tenha seu custo socializado. Quando se tem “universidade gratuita” (paga, geralmente a um custo maior por aluno do que as privadas, pelo estado com o dinheiro de milhões de pagadores de impostos), há um incentivo para o desperdício de recursos (salários exorbitantes, excesso de funcionários, comida subsidiada em bandejões) pelos poucos que as utilizam, enquanto o custo é socializado para milhões de pagadores de impostos, os quais estão em uma situação ainda pior do que o exemplo do condomínio: pagam por algo que sequer utilizam.
“Passe livre” nos transportes? Pode estar certo que o uso dos transportes será maior, e como as empresas deixarão de ser incentivadas pelo lucro, passando a atuar totalmente por meio de conluio com os políticos e burocratas que formam o estado – que paga o passe “gratuito” com o dinheiro de todos os pagadores de impostos – haverá menos ônibus nas ruas. E ainda cria-se o incentivo para que as pessoas deixem de utilizar outras formas de transporte mais econômicas, como ir a pé ou de bicicleta, para utilizar os ônibus. Afinal, no “passe livre” você paga de qualquer forma, usando ou não, então é melhor usar, não é mesmo? Resultado: colapso inevitável no sistema, seja pelo excesso de uso ou pela falta do dinheiro necessário para financiá-lo, o que vier primeiro.
Qualquer coisa “gratuita” – ou seja, com os custos socializados a todos por meio do estado – obedece à mesma lógica econômica: os poucos que recebem os benefícios têm incentivos para abusar deles porque todos irão pagar os custos depois.
O socialismo não funciona nem em um prédio e ainda há quem defenda que essa lógica continue sendo usada no fornecimento de produtos ou serviços que podem ser perfeitamente fornecidos a todos pela iniciativa privada em livre concorrência. Ou pior: há quem defenda que o modelo socialista seja implantado em todo o país.
O que meu condomínio precisa é que a cobrança seja individualizada por cada morador, a fim de que os custos (pelo desperdício) ou os benefícios (pela economia) sejam arcados individualmente e livremente por cada usuário. E o Brasil, no fundo, precisa da mesma coisa: que cada um arque livremente e de forma privada pelos produtos e serviços que desejar, sem que os custos sejam socializados com milhões de pessoas posteriormente.