A “classe trabalhadora” brasileira tem sua “mão-de-obra explorada” e “tenta se proteger dos constantes ataques à CLT com sua combalida carteira de trabalho como escudo”. É o que afirma a ficha técnica do desfile da Paraíso do Tuiuti, escola de samba que defendeu a CLT no Carnaval enquanto empregou somente 3 trabalhadores com CLT em 2017.
De acordo com trechos da descrição do desfile, claramente baseados em Karl Marx, a “divisão do trabalho de toda sociedade de classes” seria feita em “três categorias possíveis de trabalhadores: livres, servos e escravos”. No Brasil atual, a “massa trabalhadora” teria “substituído os escravos antigos” enquanto “a classe dominante extrai e concentra cada vez mais as riquezas geradas pelo trabalho do povo”. Por fim, de acordo com a escola, a “mão do trabalhador brasileiro continua acorrentada ao velho tumbeiro” mostrando que “o antigo regime exploratório dos ricos sobre os pobres avança em golpeantes reformas”. Desta forma, a musa da escola representou “o trabalhador brasileiro tentando se libertar das correntes da exploração de sua mão-de-obra”.
A descrição do desfile da escola está em linha com a visão política de seu carnavalesco, Jack Vasconcelos, militante declarado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Em entrevista há duas semanas, Jack deixou claro que só passou a fazer enredos políticos depois que o Partido dos Trabalhadores (PT), seu “parceiro do poder”, saiu do governo: “Hoje somos oposição e antes éramos parceiros do poder e não podíamos arranhar a relação. Enredos mais críticos não eram incentivados. Agora com uma guerra declarada tem essa abertura maior. Os dirigentes nos deixam livres, e temos mais é que fazer”.
Estas e outras hipocrisias da escola de samba foram resumidas pelo ILISP no vídeo abaixo: