Vinte anos atrás, os socialistas que ocupam cargos da diretoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) rejeitaram 80 milhões de dólares do Banco Mundial para reformar e modernizar o Museu Nacional. A verba foi obtida pelo empresário Israel Klabin, ex-prefeito do Rio de Janeiro e do grupo de papel e celulose que leva o nome da família, junto ao banco.
“Era uma modernização enorme. E a única condição imposta pelo Banco Mundial para liberar os US$ 80 milhões era que houvesse um modelo de governança moderno, com conselho e participação da sociedade civil”, afirmou Klabin ao “Brazil Journal”.
O projeto foi vetado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que rejeitou a única condição imposta pelo banco para conceder a verba: deixar o controle do museu e transformá-lo numa Organização Social (OS), uma associação privada sem fins lucrativos que presta serviços de interesse público. A medida permitiria que o Museu Nacional recebesse outras contribuições privadas, nacionais e internacionais, sem depender de dinheiro dos pagadores de impostos e/ou da universidade estatal.
“Os professores e membros influentes da UFRJ foram contra”, afirmou Klabin. “Esse incêndio é fruto de um modelo arcaico de governança que não permite a modernização do país. Um funcionalismo que olha o Brasil de forma cartorial e funciona para si mesmo”.
A reforma seria a primeira de uma vice-presidência para assuntos culturais que James Wolfensohn, então presidente do Banco Mundial, acabara de criar em 1995. Wolfensohn era grande amigo de Klabin, um ex-aluno da UFRJ.
“Isso me fez ficar com raiva do Brasil. Sabe o que vai acontecer agora? Vai acontecer a mesma coisa com o Jardim Botânico, com a Biblioteca Nacional, com o prédio do Ministério da Educação e várias outras instituições herdadas por um governo incapaz e ineficiente. Estamos vivendo em um estado cartorial. O Brasil inteiro nas mãos de governos ineficientes cuja gestão é sempre politizada”, afirmou Klabin ao “Brazil Journal”.