No último domingo, dia 31, o programa Fantástico colocou no ar uma matéria sobre as chamadas “Gun Show” que nada mais são que feiras de armas que ocorrem em todo o Estados Unidos. De exclusiva a matéria não tinha nada, pois se vão décadas que tais feiras são alvos de reportagens para o bem e para o mal.
Confesso que esperava muito mais sensacionalismo, mas a aposta foi outra. A emissora dessa vez apostou na ideia que a simples menção de uma feira onde milhares de pessoas vão para ver, vender e comprar armas e munições, inclusive levando seus filhos, seria o suficiente para causar choque e repulsa no telespectador. Tiro no pé, sinto eu… Será que esse pessoal realmente acha que o brasileiro médio tem aversão às armas? Esqueceram o resultado do referendo de 2005? Continuam vivendo em uma redoma, cercado apenas pelos seus pares afetados que se arrepiam ao ver uma arma…
Dois pontos causaram muitas dúvidas e o espanto de outros tantos. O primeiro deles seria que nos EUA cerca de 30 mil pessoas são “vítimas de armas de fogo”. Pois bem, qual a jogada por trás disso? Explico! Até alguns anos atrás os desarmamentistas americanos se apoiam na premissa que as taxas de homicídios com o uso de armas nos EUA era altíssima para padrões civilizados e que com a maioria dos estados facilitando o porte de armas e leis do tipo “stand-your-ground”- lei que permite que você atire em qualquer invasor que lhe ameace – e milhões de novas armas sendo vendidas todos os anos esse quadro pioraria muito… Apostaram, como sempre, para perder. As taxas desabaram nos último 30 anos e o número total de mortos acabou por alcançar patamares que não chocavam mais ninguém e não sustentariam nunca a possibilidade de maiores – e portanto desnecessárias – restrições. Qual foi a saída? Inflacionar o número de “vítimas de armas de fogo” incluindo suicídios, homicídios justificáveis (legítima defesa), acidentes e intervenções policiais. Chegaram com isso às faladas 30 mil mortes anuais.
O outro ponto que levantou dúvidas foi a afirmação que estados mais armados possuem mais mortes com armas de fogo e foi a já comentada inclusão dos suicídios que impactou nesses números uma vez que são aproximadamente 20 mil suicidas por ano utilizam armas para esse fim. O que o estudo não diz é que outros 23 mil suicídios ocorrem por outros meios! Como reflexo disso, os desarmamentistas, passaram a alardear que estados com maior liberdade para aquisição e porte possuem mais mortes com arma, destaque dado ao Alaska. Nada mais falso! O número de suicídios no Alaska é altíssimo e se deve a fatores como isolamento, clima, expectativa de vida, etc. Não havendo qualquer causalidade comprovada com a disponibilidade de armas de fogo. Em 2014, ocorreram 41 homicídios no Alaska sendo que 22 foram utilizadas armas de fogo, ou seja, quase metade dos assassinos utilizou outros instrumentos. Já na “desarmada” Califórnia, no mesmo ano, foram 1.697 homicídios e destes, 1.169 foram com a utilização de armas de fogo.
Se a disponibilidade de armas fosse a variável determinante não teríamos o Brasil com o oitavo maior número de suicídios no mundo, tão pouco o desarmado Japão. O índice japonês de 18,5 suicídios para cada 100 mil habitantes é, por exemplo, três vezes o registrado no Reino Unido (6,2) e 50% acima da taxa dos Estados Unidos (12,1), da Áustria (11,5) e da França (12,3). O campeão em suicídios é a Coreia do Sul, também com enormes restrições às armas, com o assustador número de 28,9 suicídios por 100 mil habitantes.
O tal estudo de Harvard apresentado na matéria, portanto, ao misturar alhos e bugalhos perde todo o sentido e mostra que tal como aqui há clara interferência ideológica nos possíveis resultados. Ponto positivo para a matéria foi o destaque para o fato dos próprio pesquisadores afirmarem que NÃO FOI POSSÍVEL CONFIRMAR A CAUSALIDADE entre a disponibilidade de armas e mortes com armas (homicídios + suicídios). Sendo assim, no máximo ele pode ser encarado com um indicativo, mas sabemos que se forem identificadas e isoladas as variáveis, o resultado não serão que eles querem, por isso nunca o fazem.
O desarmamentismo é realmente Fantástico, no sentido de inacreditável ou impossível de comprovar.