Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, Jair Bolsonaro – atual deputado federal e pré-candidato à Presidência da República em 2018 pelo PSC – defendeu pautas anti-liberais como a criação de um cartel internacional da produção de nióbio, a não-privatização do Banco do Brasil, a manutenção do controle estatal na educação – baseado em um ensino rígido similar ao das escolas militares – e a proibição do voto dos analfabetos e desempregados nas eleições.
De acordo com Bolsonaro, “temos que criar a OPEP do nióbio, é um negócio valiosíssimo”, referindo-se ao cartel internacional de estados produtores de petróleo. Em relação às privatizações, o deputado se diz contra a privatização do Banco do Brasil (“prejudicaria o produtor rural”) e tem dúvidas em relação à da Petrobras, a qual primeiramente deve ser “despetizada”, “depois vê se passa à iniciativa privada”. O político não explicou como iria “despetizar” a empresa sem privatizá-la nem como a criação de um cartel estatal internacional e a manutenção de empresas sob controle do estado (sendo uma delas monopolista) pode conviver com a “plena liberdade à iniciativa privada” que diz defender.
Na mesma entrevista, Bolsonaro também defendeu um ensino rígido semelhante ao das escolas militares, baseado na autoridade, para “tirar Paulo Freire do pedaço”, bem como o fim do voto dos analfabetos e pessoas sem renda comprovada no ano anterior, como desempregados: “tem que ser excludente!” O deputado não explicou como retiraria Paulo Freire da educação mantendo a mesma sob controle estatal nem como o fim do voto de analfabetos e desempregados pode ser compatível com a defesa da liberdade.