Durante mais de meio século, a indústria cinematográfica mundial foi dominada por gerações de produtores e realizadores formados na dura rotina dos estúdios e educados sob as regras de uma concorrência feroz. A proliferação de cursos de cinema nas universidades e a virada da contracultura dos anos 1960, com o consequente aumento da intervenção estatal no mercado e a aproximação entre políticos de esquerda e cineastas, modificou a natureza de grande parte das produções. O resultado é que, desde então, há um predomínio da cultura esquerdista de modo geral na temática e no universo de referência dos filmes. Não demorou para que acadêmicos e estudiosos marxistas passassem a usar os próprios filmes como poderoso material de proselitismo em sala de aula, influenciando milhões de estudantes e distorcendo a visão e a análise de pontos importantes para a compreensão da política, da sociedade e da história humana.
Identificado e especificado tal problema, vou sugerir aqui um contraponto a essa abordagem. Apresentarei separadamente listas de filmes e seriados que permitem uma visão alternativa a respeito de temas que a esquerda costuma usar para fazer propaganda ideológica, especialmente nas salas de aula. Estou priorizando títulos que são mais fáceis de encontrar. Se o seu professor usou filme em sala de aula para fazer propaganda ideológica em cima de algum dos temas, sugira um contraponto com um filme desta lista.
Lembro que estas não serão listas definitivas, como seria impossível de se conceber. Proponha e indique outros títulos também nos comentários. Nunca se esqueça de que filmes são um recorte inevitavelmente sintético da realidade, sendo impossível que cada um deles contenha todas as inúmeras variações possíveis a respeito de cada tema. Da mesma forma, não estou corroborando integralmente a eventual abordagem de qualquer dos filmes da lista: use seu próprio discernimento e senso crítico para extrair o melhor de cada um.
Não espere demais de um filme: um filme não é uma tese, sequer é uma obra literária. Pense: o conteúdo de um filme pode ser conhecido em duas horas de projeção (às vezes menos). Quanto tempo se leva para ler um livro inteiro? Um dia, no mínimo, mas geralmente muito mais. Filmes são gatilhos excelentes e expressam ideias de uma forma muitas vezes arrebatadora, mas na maioria dos casos prepõem questões cujas respostas não podem ser encontradas nas duas horas de projeção. Use os filmes para se familiarizar com diferentes pontos de vista e abrir a discussão.
Iniciei a série com 3 filmes sobre Cuba que seu professor de esquerda não quer que você veja, continuei com 3 filmes sobre o Brasil que seu professor de esquerda não quer que você veja e agora abordo os filmes relacionados aos demais países da América Latina. Vamos lá?
Amor Maior que A Vida (Walking the Dead, 2000) – Drama
TÓPICOS DE INTERESSE: EUA, Chile, terrorismo, esquerda
Um oficial da guarda costeira que se apaixona por uma jovem socialista que acaba morrendo ao participar de um atentado terrorista. Dez anos depois, ele começa a ter visões de sua amada e começa a acreditar que ela está viva.
Este filme é particularmente interessante pela visão crítica dos dissidentes que buscam a segurança nos EUA, mas continuam acreditando no socialismo. Preste atenção especial à cena do jantar em que o jovem político norte-americano expõe toda a hipocrisia dos esquerdistas estrangeiros que se protegem na segurança do capitalismo ianque.
Diretor: Keith Gordon
Com: Billy Crudup, Jennifer Connelly, Bill Haugland e Nelson Landrieu
O Homem ao Lado (El Hombre de al Lado, 2009) – Comédia, drama
https://www.youtube.com/watch?v=vT7KdGV9YT8
TÓPICOS DE INTERESSE: luta de classes, Argentina, politicamente correto
Uma comédia genial sobre o que realmente acontece quando a vida da elite intelectual politicamente correta é invadida por um representante do “povo”. Embora os cineastas argentinos tenham formação de esquerda, demonstram uma clara capacidade de olhar para sua própria classe com senso crítico, o que não acontece no Brasil.
Diretores: Mariano Cohn, Gastón Duprat
Com: Rafael Spregelburd, Daniel Aráoz e Eugenia Alonso
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes, 2014) – Comédia
TÓPICOS DE INTERESSE: intervenção estatal, terrorismo, libertarianismo, Argentina
Uma das melhores comédias argentinas já feitas, o filme utiliza diferentes histórias, retratadas em curtos episódios, para atacar o folclore do latino pacato e não vingativo. Destaque para o penúltimo segmento, em um engenheiro tem sua vida destruída pela arbitrariedade e incompetência de um órgão estatal de trânsito.
Filme indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015 e bastante premiado em diversos festivais pelo mundo.
Diretor: Damián Szifron. Co-produção de Pedro Almodóvar.
Com: Ricardo Darin, Oscar Martinez, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Rita Cortese e Darío Grandinetti
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