Eu nunca tive “treinamento” oficial para ser empresário, nunca fui formalmente apresentado às teorias, técnicas, lições e conselhos de administradores. Simplesmente “fui lá e fiz”. Sei que “pequei” por pensamentos, palavras e atos, mas nunca por omissões. Tudo aquilo que experimentamos em minha empresa nesses vários anos se devem ao meu ímpeto, muitas vezes totalmente avesso à prudência e aos limites.
Soube surfar na onda das “vagas gordas”. Soube também dividir os prêmios dessa onda com os meus funcionários, sempre pagando-lhes um salário muito acima do mercado, cuidando de sua saúde, primando por sua qualidade de vida, imprimindo na empresa a mesma paz que procuro em meu lar. Somos uma família feliz porque todos, individualmente, são felizes aqui na nossa família.
Algumas vezes, porém, precisamos desligar funcionários por motivos alheios à nossa vontade, pelo próprio bem da saúde da empresa, pelo próprio bem da paz que reina (e deve continuar reinando) na equipe.
Não é, porém, o caso destes últimos dias.
Por causa dos muitos atropelos (sendo eufêmico, pueril e comedido) deste desgoverno, fui obrigado a demitir. Fui cruelmente empurrado para decisões que não queria tomar – mas que eu tive que tomar. Não há motivos que justifiquem o que tive que fazer (funcionários excelentes, prestativos, cumpridores de suas obrigações, pessoas boas, que agregam, que enriquecem a si mesmos e a seus colegas). Não havia motivo, o que mais dói é isso.
Não, não! O que mais dói não é isso! O que mais dói é dar a notícia! É olhar no olho daquela pessoa que é tão importante para a nossa história, aquela pessoa que fez por onde conquistar o respeito de seus pares (e de seus superiores, posso garantir) e dizer, assim, sem rodeios: “cara, não sei como dizer… hoje é seu último dia aqui…”
Eu chorei… de raiva, de indignação, de impotência. Nem a esdrúxula, imbecil e preconceituosa legislação trabalhista que temos pode ajudar esses funcionários agora. Tudo converge para que os funcionários que estão dentro saiam e para os que estão fora permaneçam fora. Será que nossos legisladores e aplicadores da lei não se dão conta da estupidez chamada CLT? Esta “casta superior” de seres vivos (não ouso chamá-los de humanos) não deve ter demitido nunca um colega sequer, não sabem o que isso significa. E se o tivessem feito, provavelmente, não teriam coração para sentir o que estou sentindo agora.
Num último abraço pude sentir a gratidão de ter sido meu funcionário, de ter se tornado meu amigo… ao mesmo tempo que dividia comigo a inefável tristeza do adeus, da interrupção do convívio. Tudo graças a eles! A esses ratos! Desses vampiros hipócritas – não só do partido que hoje jaz no controle do estado (e o faz definhar ano após ano) – mas daqueles que compõem o próprio estado, cada vez maior e mais voraz, cada vez mais insaciável e lascivo.
Quiçá os veremos receber a punição que merecem, a mesma que, por diversas atitudes erradas no controle da economia, impuseram a um dos meus funcionários!