Imagine que você está a caminho de um churrasco na casa de um amigo e passa no mercado antes para comprar cerveja. Temos lá várias cervejas de várias marcas e em regra as de pior qualidade são mais baratas e as de melhor qualidade são mais caras. Uma única cerveja “premium” pode custar dúzias de cervejas “comuns”, você sabe muito bem.
Essa variedade de preços agrada a todos, tanto aqueles que gostam de produtos de primeira linha quanto aqueles que, tendo pouco dinheiro (ou se importando pouco com os amigos do churrasco), compram os rótulos mais baratos.
Agora imagine que um legislador bem-intencionado decida que não deveria haver essa separação discriminatória de cervejas, que todas elas deveriam ser igualmente especiais. Para conseguir seu objetivo, ele convence seus colegas legisladores a aprovarem uma lei de preço mínimo da cerveja, a ser fixado com base nas cervejas “premium”. O que aconteceria?
Bem, as pessoas que gostam de produtos “premium” não notariam muita diferença, pois o preço destas permaneceria o mesmo de sempre, mas quem costumava optar pelas cervejas “comuns” teria de mudar seus hábitos. Comprar menos cervejas? Morrer com o prejuízo e levar a mesma quantidade de sempre? Não levar nenhuma cerveja?
O ponto aqui é o seguinte: quando todas as cervejas têm o mesmo preço de uma “premium”, ninguém optaria por levar as cervejas “normais”. Estas desapareceriam dos mercados, pois ninguém seria tolo o bastante para comprar um produto inferior pelo preço de um produto de luxo.
O mesmo se repetiria em qualquer segmento do mercado: quem levaria um carro 1.0 se o preço mínimo de todos os carros fosse o de um modelo 1.6? Quem iria ao Zé da Esquina se o preço mínimo para cortar cabelo fosse de R$ 140,00 como vemos em alguns cabeleireiros? Quem contrataria um jovem com pouco estudo e nenhuma experiência se o salário mínimo fosse muito maior do que esse rapaz é capaz de produzir?
O efeito deletério do salário mínimo – e de todos os outros “direitos” trabalhistas – é o de fazer com que o empresário opte racionalmente por não contratar aqueles que mais precisam de um emprego: os mais pobres e os que têm menos qualificações são os que ficam de fora do mercado de trabalho por imposição da lei.
Empresas não são instituições de caridade, elas visam o lucro. E como lucrar quando o empregado contratado custa mais do que ele é capaz de produzir para a empresa? Contratá-lo nessas condições seria burrice, seria perder dinheiro. Daí porque pessoas nessas condições não são contratadas, sendo então relegadas a subempregos, muitas vezes na clandestinidade.
Em resumo: defender o salário mínimo é ser contra os mais pobres e menos qualificados.