É comum, até mesmo por falta de conhecimento, acreditar que os liberais não se preocupam com a questão da pobreza. Todavia, a grande verdade é que esse tema tem sido o centro do pensamento de muitos teóricos defensores do liberalismo. Em que pese muitos outros pensadores liberais terem tratado do assunto, aqui serão apontados três. A razão é que esses três focaram no assunto de forma específica e não de forma periférica como os demais. São eles Jesús Huerta de Soto, Walter Williams e, como não poderia ficar de fora, Ludwig von Mises.
Jesús Huerta de Soto é um economista da Escola Austríaca e catedrático de economia política da Universidade Rey Juan Carlos de Madri. Huerta de Soto é também doutor em Direito da Universidad Complutense de Madri desde 1979. É vencedor do prêmio Adam Smith, 2005. Walter Williams é estadunidense, professor de economia da Universidade George Mason. Willians é libertário. Ludwig von Mises nasceu em 1881 e morreu em 1973, sendo considerado um dos grandes ícones da escola austríaca. Mises era um liberal e um crítico ferrenho do socialismo.
A ECONOMIA COMO MEIO DE COMBATE A POBREZA
A pobreza é o Estado natural do homem, o homem é naturalmente miserável. Sem nenhum aparato tecnológico o homem sucumbe frente à natureza. O que aconteceu foi que a partir de algumas revoluções observadas a partir do século XII, um grupo que vai ser chamado de “burguesia”, conseguiu acumulação de riqueza. Como eles conseguiram isso? Por meio da acumulação de capital. Pode-se acumular capital a partir do momento que se produz mais do que se consome. Vende-se o excedente obtendo o que se chama comumente de “lucro”. É essa contínua acumulação do lucro que deu o suporte as duas grandes Revoluções industriais que proporcionaram ainda mais lucro que por sua vez, dá possibilidades de se avançar ainda mais tecnologicamente, obtendo-se mais lucro ainda, enfim, é um ciclo. Esse modelo, pautado no lucro, necessita da garantia da livre iniciativa. Ou seja, cada indivíduo que dispõe de um determinado bem de consumo necessita de total liberdade para fazer o uso que bem entender desse bem.
Uma alternativa a esse sistema anteriormente apresentado, seria o modelo que ficou conhecido como “comunista”. Nesse cenário os bens de consumo não seriam do indivíduo, mas de toda a comunidade, sendo o Estado o responsável por fazer a distribuição igualitária desses bens. O principal exemplo histórico que representa esse sistema foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, cuja economia entrou em colapso no fim dos anos 1970, ocasionado a vitória do bloco capitalista no que ficou conhecido como “guerra fria”. A razão pela qual a União Soviética sucumbiu, é que o modelo econômico por ela adotado, o comunismo, é inviável. Mises aponta algumas razões para essa inviabilidade, vou apontar duas de forma resumida:
1) O fim da iniciativa privada resulta em menos investimentos, o que diminui a produção.
2) Sem a livre concorrência, a qualidade dos serviços prestados diminui, arrastando consigo a qualidade de vida das pessoas.
Destarte, os liberais sustentam que o estado não deve atuar como um Pai, mas deve ser reduzido ao mínimo necessário. O adequado seria, portanto, o incentivo a livre iniciativa e ao empreendedorismo. No caso do Brasil, é evidente que precisamos abrir o nosso mercado para o empreendedorismo. O país tem a economia mais fechada do G20, e olha que já melhoramos muito. Nos governos de Fernando Henrique Cardoso e parte de Luís Inácio Lula da Silva praticamos uma economia um pouco mais livre e enfrentamos o período de maior crescimento da nossa história, chegando a ocupar a posição de 7° maior potência econômica do mundo. Todo esse crescimento econômico culminou, adivinhe só, na redução da pobreza. Tanto é que em 2014 o Brasil saiu do mapa da fome da ONU. Entretanto, laços econômicos infrutuosos têm impedido o Brasil de avanças mais. O MERCOSUL não avança e o Brasil fica parado junto com ele. Agora vem uma crise, que até natural, mas o governo, ao invés de atrair investimentos, os afasta, aumentando impostos. Será necessária uma maior liberalização da economia.
É verdade que é hoje seria muito difícil a adoção das ideias que aqui exponho no Brasil. A mentalidade da população, bem como da classe política é de sempre aumentar o poder da máquina estatal em detrimento da livre iniciativa. O adequado seria que a população se concretizasse de que ela é sim capaz de construir, por si mesma, um futuro melhor, livre da pobreza. O nosso povo é extremamente criativo e pode andar com as próprias pernas sem a necessidade das muletas do estado. Todavia, admito que esse é um pensamento que nada contra a correnteza. É necessário que aqueles que dispõem de mais conhecimento conscientizem os outros acerca disso, num trabalho de formiga. A chave está em converter a mentalidade das pessoas. Se nós conseguirmos fazer as pessoas entenderem que são capazes de cuidar da própria vida, teremos um Brasil cada vez melhor.