Lula é um homem esperto. Apesar da notória falta de cultura, deve-se reconhecer que se trata de um indivíduo astuto; de um político extremamente habilidoso. O petista conseguiu, em um momento de absoluto abalo de sua imagem, estabelecer uma nova estratégia que orientará a conduta do ex-presidente e da militância do partido (e apoiadores) nos tempos vindouros.
No discurso político ofertado às câmeras da TVT – retransmitido por vários outros veículos de comunicação –, o ex-presidente afirmou que após a experiência recente de condução coercitiva perante a polícia federal, percebeu que a sua trajetória política não está encerrada. Ele não poderá mais ser somente um cabo eleitoral. O PT não está acabado, segundo Lula. Deverá renascer das cinzas. Aliás, todo o Brasil deverá renascer das cinzas após o absoluto descuido da economia nacional. Mas, certamente, não é desse abalo conjuntural que renascerá o petista!
Aparentemente, o ex-presidente percebeu que, mesmo contando com os trabalhos de um advogado criminalista habilidoso para patrocinar a sua defesa, não será possível comprometer a mensagem transmitida ao juiz Sérgio Moro e à população por meio das provas do processo relatadas pela imprensa, dada as aparentes evidências e a lógica presente na construção intelectiva dos fatos. Boa parte da sociedade não admira mais o ex-presidente. Boa parte da sociedade o culpa das acusações e percebe que não haveria como os fatos narrados no âmbito da operação Lava Jato (o mesmo cabe à operação Zelotes) ocorrerem sem a participação ou o conhecimento de Lula.
Mas Lula percebeu algo importante para imobilizar na história certo valor em torno de sua figura política: a militância do partido não se rende às evidências. São fiéis defensores e bons contadores de histórias. Finalmente, Lula entendeu que o único mecanismo para combater as acusações será transformar qualquer etapa ou ato do ministério público, do judiciário ou da polícia federal em perseguição política.
Lula revelou a intenção renovada de percorrer o Brasil fazendo discursos e mobilizando a população para reanimar o PT. Será mesmo? Existirá real possibilidade de reconstruir a imagem do partido perante a sociedade? Será que a participação do ex-presidente nessa reconstrução toma por motivação apenas o amor ao partido?
Caro leitor, parece que o ex-presidente entendeu que a única forma de se defender das acusações, suscitando dúvidas na população sobre a veracidade de fatos narrados e provas apresentadas, consiste justamente em transformar tudo em perseguição política. Assim, Lula jamais seria investido na condição moral de réu, mesmo que prossiga a pretensão condenatória penal, pois certo público sempre o terá como um eterno perseguido político.
E não faltarão interventores a favor de Lula. O presidente-ditador venezuelano Nicolás Maduro acaba de lançar uma mensagem em seu twitter de apoio ao ex-presidente brasileiro:
A estratégia já foi compreendida por muitos. O leitor já deve ter percebido o que virá nos próximos tempos: uma nova guerra política será deflagrada no cenário nacional, opondo, de um lado, a militância do partido e os apoiadores presentes em vários meios e, de outro lado, a maioria do povo brasileiro, o Poder Judiciário e as instituições que vem trabalhando para tentar corrigir os atalhos desastrosos de nossa história patrocinados por ideologias falidas e líderes gananciosos.