Rafaela Silva ganhou o primeiro ouro brasileiro nessas Olimpíadas. Sendo ela mulher, negra e nascida na favela (Cidade de Deus), a esquerda já cuidou de tomar para si a luta que pertence a ninguém mais do que a própria Rafaela. O que a esquerda esconde é que foi a iniciativa privada que deu chances de Rafaela crescer no judô.
Sua história de vida envolve estar no meio de tiroteios e superação de si mesma no esporte, envolve o auxílio de quem viu nela um bom investimento. Geraldo Bernardes, responsável por formar atletas para quatro edições olímpicas, viu em Rafaela um diamante a ser lapidado.
O ex-técnico da seleção brasileira lançou, então, um projeto social (Instituto Reação) para atender comunidades como a que Rafaela morava. Ela e a irmã foram beneficiadas pelo projeto e logo despontaram. Raquel conseguiu bolsa de estudos, escola particular e o técnico seguiu investindo em ambas, custeando despesas, pois acreditava no investimento e a família era muito humilde. Apesar de menos disciplinada, Rafaela mantinha resultados similares aos da irmã, e ao ver alguns benefícios no destaque da irmã, passou se dedicar mais.
Os patrocínios vieram com os resultados e a profissionalização do esporte melhorou a qualidade de vida da família. Rafaela, por exemplo, deixou a Cidade de Deus para se mudar para o Méier, uma região de classe média. Mas seguiu firme melhorando a performance à sua maneira, e a derrota de Londres a tornou mais faminta por vitórias após um período de crise depressiva. Rafaela é uma mulher da qual devemos nos orgulhar não por simplesmente ser da favela, mas por ter se tornado o que se tornou.
As favelas são glamourizadas por aqueles que passam longe dela enquanto aqueles que lá vivem sofrem a realidade dura de um ambiente caótico e perigoso, no qual muitas vezes há sério risco de vida. Somente glamouriza o caos e sofrimento quem está no conforto e segurança de seu lar protegido.
As favelas são o símbolo máximo de como um estado grande e interventor na vida das pessoas pode levar ao fracasso. Rafaela Silva é o símbolo do que o indivíduo é capaz de fazer, com o auxílio voluntário de outros indivíduos, que, ao trabalharem em conjunto, podem ser capazes de obter resultados incríveis.
A preocupação com as pessoas que vivem nas favelas não existe para esquerda. O que existe é apenas a instrumentalização destas para um discurso ideológico quando convém.