Os pais das moças do Colégio Anchieta pagam cerca de R$ 1.600,00 de mensalidade pra suas filhas estudarem numa escola católica. É uma escola de elite sob qualquer ponto de vista. Com o apoio do Partido Socialismo e Liberdade, elas lutam pelo “direito” de usarem seus shortinhos contra a cultura burguesa do estupro enquanto na periferia as meninas pobres e com necessidades reais ficariam felizes se tivessem merenda quente todos os dias.
Como é de elite a maior parte dos ciclo ativistas de São Paulo: você não vê auxiliar de escritório ansioso pra usar a bicicleta como alternativa pra vir trabalhar no Centro saindo de Pedreira ou de São Miguel. O plano só funciona direito se você morar no Itaim e for trabalhar na Vila Olímpia com sua bicicleta Schwinn de R$ 10.000,00.
Você vê a cara das meninas do movimento feminista que dizem defender o direito ao aborto pra “salvarem” as mulheres pobres, mas não tem uma empregada doméstica lá: são quase todas brancas, jovens e de classe média alta. Como também não tem pobre no meio dos veganos, ou dos ambientalistas, ou dos defensores dos animais: tem que ser muito rico (para os padrões brasileiros) pra sustentar uma dieta orgânica e se tratar com homeopatia. Tudo o que o pobre quer mesmo é conseguir marcar uma consulta com um médico de verdade em menos de três meses, achar seu remédio pra pressão no posto de saúde e comer carne ao menos cinco vezes por semana.
Os políticos de esquerda tem a mesma história de vida: Luciana Genro, Manuela D’Avila, Jandira Feghali, Dilma Rousseff, José Dirceu, Antônio Palloci, Fernando Gabeira, Marcelo Freixo, Lindberg Farias, todos de classe média alta, bem educados, que nunca deram um dia de trabalho na iniciativa privada em toda a vida (ONG não conta). O mesmo quanto aos artistas e “intelectuais” engajados: Chico Buarque, Gregório Duvivier, Tico Santa Cruz, Pablo Vilaça, Leonardo Sakamoto, Cynara Menezes, Paulo Betti, José de Abreu, todo mundo na parte de cima da “luta de classes”, elucubrando críticas ao capitalismo de seus Macbooks de R$ 15.000.00 e sentados num café às margens do Sena, ou criticando a “mídia reacionária” de suas colunas no Estadão ou na Folha (e agora na Veja).
Daí a importância, pra eles, da figura do Lula: no meio de tanta gente branca e rica, ele é o único cara que personifica, redime e confere alguma veracidade ao discurso do “somos pobres contra os ricos”. O problema é que ele também há muito tempo deixou de ser pobre: viaja em jatinhos de empreiteiros, é dono de triplex de frente pra praia e bebe vinhos de R$ 40.000,00 a garrafa. Aliás, apontem um único líder socialista, em toda a história, que tenha nascido e vivido pobre. Deve ser por isso que adoram tanto o Pepe Mujica: em 150 anos de história, parece ter sido o ÚNICO a ter feito algo parecido com viver de acordo com os princípios que prega. Pelo menos até descobrirem alguma conta secreta na Suíça em nome dele. Vai saber.
A esquerda inteira pode ser resumida nisso: uma elite culpada e bem criada que se deslumbrou com Marcuse e Foucault e acha que vai redimir o próprio “crime” de ser rico “salvando” algum oprimido de si próprio. Nada que não pudesse ser resolvido com algumas sessões de terapia, mas que no século XX acabou custando a vida de 150 milhões de pessoas e no Brasil do século XXI a maior recessão de toda a história.