Esquerdistas adoram bradar contra “as elites”, mas toda a esquerda, sem exceção, acredita piamente na existência de uma elite esclarecida que guia as massas ignorantes rumo a uma utopia coletivista. No século XVIII, Godwin declarou que “o camponês passa pela vida, com algo da insensibilidade desprezível de uma ostra”. Rousseau comparava as massas a um “inválido estúpido, pusilânime”. Para Condorcet, a “raça humana ainda revolta o filósofo que contempla a sua história”. George Bernard Shaw (um socialista fabiano convicto) incluía a classe operária entre as pessoas “detestáveis” que “não tem o direito de viver”. Dizia ainda que “ficaria desesperado se não soubesse que eles vão todos morrer logo e não há necessidade alguma de que sejam substituídos por pessoas como eles”. Assim, quando Marilena Chauí vocifera seu ódio contra a classe média, ela na verdade pretende eliminar uma elite (econômica) que enxerga como concorrente à sua própria (intelectual), da mesma forma que o ódio das esquerdas contra as religiões em geral nada mais é que uma tentativa de eliminar a concorrência no campo mais geral das utopias.
O resultado prático da aplicação disso é que por toda a parte em que foram implantados regimes coletivistas o resultado SEMPRE foi uma ditadura totalitária de partido único (uma elite) que trucidava o próprio povo (as massas) em TEMPOS DE PAZ (20 milhões na URSS, 50 milhões na China, 100 mil em Cuba, 2 milhões na Coréia do Norte, 2 milhões no Camboja, apenas pra citar alguns exemplos). Como na frase famosa de Edmund Burke, o coletivista é alguém que ama a humanidade, mas odeia ao seu próximo.
Já liberais clássicos sempre tiveram o ser humano em mais alta conta, independentemente da classe social. Segundo Alexander Hamilton, “a experiência não nos tem comprovado de forma alguma a suposição de que há mais virtude em uma classe de homens do que em outra. Basta olhar na comunidade os ricos e os pobres, os instruídos e os ignorantes. Onde predomina a virtude? De fato, a diferença reside não na quantidade, mas no tipo de vícios, que ocorrem em todas as classes”. Adam Smith achava que os homens eram menos diferentes entre si que os cachorros, e que as diferenças entre um filósofo e um porteiro resultavam simplesmente da educação. Todo liberal crê que o livre mercado é um instrumento não para perpetuar desigualdades, mas para mitigá-las. Segundo Milton Friedman, patrono da Escola de Chicago, “os únicos casos registrados pela história em que as massas escaparam da pobreza extrema foram aqueles em que as massas tiveram capitalismo e livre comércio em larga escala”.
De fato, o único campo em que os esquerdistas sem dúvida alguma superaram os liberais, e por larga margem, foi na propaganda: em 150 anos eles conseguiram convencer as massas de que se importam com elas, quando na verdade são os maiores democidas da história – ao longo do século XX, regimes coletivistas assassinaram mais seus próprios cidadãos do que TODOS os governos nos 20 séculos anteriores JUNTOS. Mas no imaginário popular, eles amam e protegem o povo, enquanto os liberais odeiam as massas…