Lá pelos idos de 1980, os desarmamentistas não passavam de um grupelho insignificante e barulhento. Para muitos, ignorá-los era a melhor estratégia. Mas o grupinho cresceu, se tornou mais barulhento, conseguiu o apoio de organizações estrangeiras e achou um ninho quentinho no jornalismo brasileiro. Apareceram legisladores ao seu lado e em pouco tempo tinham apoio de partidos inteiros como o PT e o PSDB. Anos depois víamos aprovado o malfadado Estatuto do Desarmamento. A minoria barulhenta que arvorava para si a representação da sociedade civil organizada só seria desmascarada em 2005 ao tomarem uma derrota histórica no referendo.
Dito isso, passemos ao caso Hilbert. Uma minoria radical de vegetarianos – veja, não estou generalizando – passou a atacar de forma violenta o apresentador. Com adjetivos como “assassino”, “canalha” e “maldito”, chegando ao cúmulo do “pacifismo” de torcer para que um dia os filhos do apresentador fossem degolados e assados para ele saber como a “mãe” ovelha se sentiu… A imprensa, boa parte dela, passou a registrar manchetes do tipo “Rodrigo Hilbert enfurece internautas ao abater filhote ovelha em programa culinário”. Enfurece internautas…. Hummm… Internautas quem, cara pálida?
Muito provavelmente pressionado pela Globo (ele é contratado pela GNT e a esposa, Fernanda Lima, pela TV Globo), Hilbert emitiu uma nota em seu perfil no Facebook se desculpando e afirmando que o episódio seria tirado do ar. Foram milhares de curtidas e centenas de comentários sendo a maioria em apoio ao apresentador! Os dois comentários mais curtidos foram o do amigo Lélandi Calil de Assis e o meu que juntos contabilizaram quase 9 mil curtidas! Os comentários couve-flor não chegaram nem perto disso, mas são de um radicalismo violento que deixaria Stalin e Hitler – que era vegetariano e pretendia impor o vegetarianismo nos territórios ocupados- orgulhosos. Não bastasse isso, o perfil do rapaz contou com mais de 30 mil novas curtidas em menos de 24 horas. Humm… Internautas se revoltam… Sei…
Esse tipo de ação, essa quebra da espiral do silêncio, esse confrontar ao politicamente correto é extremamente necessário ou daqui alguns anos meia dúzia de malucos vão acabar determinando o que vamos comer e o que pode ou não ser cozido em rede nacional. Não se trata de discutir se comer carne é bom ou ruim. Se trata da liberdade de escolher como quero me alimentar e alimentar meus filhos e isso só pode mudar com convencimento ou se fizerem bacon nascer em árvores.
Isso é tão verdade que, alguns dias depois do caso, eis que me deparo com uma matéria na Veja (oh, que surpresa!) sobre o tema. Destaque para este trecho da matéria:
“De acordo com o líder da pesquisa, Marco Springmann, da Universidade de Oxford, ‘os novos dados podem ajudar na criação de políticas públicas (grifo meu) que levem em consideração os benefícios da dieta vegetariana ou vegana. (…) Os benefícios projetados devem incentivar os pesquisadores e políticos a melhorarem os padrões de consumo da sociedade’, disse o líder da equipe no estudo.”
Entenderam? Sim, isso mesmo! O pesquisador (um radical defensor da tese que o aquecimento global é culpa da produção de carne e derivados) acha que políticos devem aprovar leis e políticas públicas para definir o que devemos ou não comer. Estou exagerando? Então aguardem… Já teve vereador no Brasil querendo proibir a venda de carne em restaurantes uma vez por semana, fora o caso do foie gras em São Paulo, que só não foi proibido porque a justiça não permitiu…
Talvez o estudo dele até seja verdadeiro, mas quando você vir alguém querendo criar um “mundo melhor” e “salvar a humanidade” dela mesma usando a lei… Prepare-se, a sua liberdade está prestes a ser limitada ainda mais.