Não é surpresa para ninguém que o ex-presidente Lula já é, de fato, ministro da Casa Civil. Mesmo que o Judiciário tenha suspendido sua posse por meio de uma liminar proferida pelo ministro Gilmar Mendes, ainda assim Lula continua despachando como se ministro fosse. E na cabeça dele é mesmo, afinal, o estado montado pelo petismo só é respeitado enquanto servir ao partido. E a grande verdade é que, apesar de episódios isolados como esta decisão de Gilmar Mendes, ele, o estado e seus vários tentáculos tem servido muito ao petismo. Se puder servir à luz do dia, ótimo. Mas se não, também não tem problema. Serve do mesmo jeito. A vontade do partido é maior do que a do Estado, e muito mais do que a do povo.
E não é para menos. Ao longo desses tortuosos 13 anos, o PT e seus linhas auxiliares foram pródigas em agigantar o estado justamente para que ele os servisse, para que ele fosse, muito além de um mero cabide de empregos, uma barreira por trás da qual ele pudesse se esconder em momentos como este pelo qual passamos com grande dose de dramaticidade.
José Eduardo Cardoso usando o título de Advogado-Geral da União para defender a cidadã Dilma Rousseff na comissão processante do impeachment é mais uma dessas mostras claríssimas de que o petismo se imiscuiu profundamente no estado brasileiro e o faz trabalhar para seus interesses. E de forma manifesta. Governos e governantes passam, mas a União continua. Mas não para o PT, que imagina ter direitos eternos sobre o Estado brasileiro.
Voltando ao ministro em exercício Lula, vejam que ele instalou um balcão de negócios numa suíte de hotel cinco estrelas e negocia com parlamentares que cobram um certo preço para dar seu apoio. A moeda de troca? Cargos, verbas, recursos, todos públicos, claro. E são muitos. E justamente por serem muitos é que podem ser oferecidos às pencas, de modo que uma hora ou outra a oferta paga o preço cobrado pelos negociantes da coisa pública. Todos têm seu preço, e nesse ramo a oferta final pode ser uma estatal, um ministério ou gordas emendas parlamentares.
Sabemos que o fisiologismo não é nenhuma novidade num país onde o PMDB é o maior partido. Mas agora, com o gigantismo alimentado pelo petismo, recordista em criar estatais e cargos públicos, o comércio fica mais fácil, mais descarado e mais nocivo para o país. Mais nocivo por que consome o dinheiro do pagador de impostos; mais nocivo por que, além de sugar tais recursos, esta descomunal máquina deve mostrar algum “serviço” para se justificar, e quase sempre prestam tais “serviços” de forma precária, cara e por meio de uma burocracia que atravanca o desenvolvimento do Brasil. Consciente ou conscientemente. Afinal, dentro da (ir)racionalidade do sistema, um burocrata tem que fazer alguma coisa para merecer seu salário ao final do mês. Ou então, o que é pior, não fazer nada, mas só para merecer algum “estímulo” para fazer, se é que me entendem.
De uma forma ou de outra, o país sofre com esse peso imenso nas costas. Passe o impeachment ou não, é preciso rever isso. E com urgência. Sob pena de permanecermos escravos, e ainda mais acorrentados, a quem quer que tome posse das rédeas da gigantesca máquina estatal. Afinal, se o PT atrapalha o impeachment, atrapalha muito mais tendo à disposição uma fonte inesgotável de cargos, verbas, estatais, ministérios, etc.