Isamara Filier, uma das vítimas da chacina de Campinas, há anos enfrentava na justiça uma batalha pela guarda do filho, João Victor Filier de Araújo, de oito anos, também vítima do assassino, Sidnei Ramis de Araújo.
Além da disputa judicial pela guarda da criança, Isamara registrou cinco boletins de ocorrência contra o ex-marido por ameaças, agressões e por um suposto abuso sexual que o pai cometeu com o filho. Somente após a denúncia de abuso, Isamara conseguiu a guarda definitiva da criança e o pai só podia visitá-lo durante algumas horas em domingos alternados.
Entretanto, a Justiça considerou que não havia provas cabais para a acusação de abuso sexual, o que teria levado o pai – e posterior assassino – à prisão. O que mais chama atenção na decisão é que havia um vídeo junto aos autos do processo para teoricamente provar o abuso sexual, mas o vídeo não era compatível com o equipamento disponibilizado para o Juiz na ocasião e, portanto, não pode ser visualizado durante a tomada de decisão do juiz. O próprio filho relatou às professoras de sua escola que havia sido violentado pelo pai.
Mesmo com um poder judiciário entre os mais caros do mundo, um vídeo que poderia ter colocado um futuro assassino na cadeia não foi assistido em razão de um problema técnico da justiça brasileira. Se aquele material provasse o abuso sexual, Sidnei Ramis de Araújo teria sido preso e, possivelmente, a tragédia de Campinas não teria acontecido.