Gargalhamos sempre que vemos líderes e militantes socialistas se utilizando de produtos que simbolizam o capitalismo. Tentando transparecer maturidade ideológica, eles respondem ao nosso deboche dizendo que não são contra a produção desses produtos, mas sim a favor de que todas as pessoas tenham acesso a eles.
Algumas vezes escutei o seguinte absurdo: “não sou contra o capitalismo, apenas acho que o governo deve controlar o mercado”.
O uso do iPhone por socialistas é icônico e merece ser dissecado.
Nenhuma tecnologia que levou conforto às massas foi criada e viabilizada a partir de imposições governamentais. Todas as inovações foram resultantes de ambientes criativos formados por pessoas livres o bastante para questionar as coisas que já existem, livres o bastante para pensar o que outras pessoas nunca pensaram, livres o bastante para estabelecerem parcerias com pessoas e empresas de seu interesse; e esta liberdade apavora regimes socialistas porque, invariavelmente, desafia a estrutura e os procedimentos do estado.
Tecnologias necessitam de capital para serem criadas, desenvolvidas e levadas ao público; e esse capital não surge a partir de decretos e leis, como acreditam os socialistas. O capital é construído dispersamente pela sociedade por meio da liberdade que as pessoas têm para negociar umas com as outras o seu tempo, o seu talento e o seu trabalho, por meio da liberdade que as pessoas têm para pensarem em si mesmas e perseguirem recompensas específicas − o que os socialistas chamam de individualismo, na visão deles, a origem de todas as desgraças humanas. É a partir da interação espontânea entre interesses individuais que riquezas são criadas e distribuídas, já que na incapacidade de suprir todas as suas necessidades e todos os seus desejos, as pessoas precisam trocar umas com as outras o fruto de suas especialidades – eu vendo a você o que você não produz, você vende a mim o que eu não produzo. Isso é o capitalismo, enquanto o socialismo é a presunção de que essa troca deve e pode ser organizada pelo estado.
Diante disso, como os socialistas pretendem fazer os frutos do capitalismo chegarem a todas as pessoas se trabalham sistematicamente contra os fundamentos do capitalismo?
Steve Jobs, criado por um casal que mal tinha o 2° grau, não queria tornar o mundo um lugar melhor, nem foi obrigado pelo governo a trabalhar em função dos interesses sociais. Ele apenas viveu e trabalhou em benefício de si mesmo, assim como todos nós, todos os dias.
Steve Jobs entendia que para atingir seus interesses particulares − da sobrevivência à vaidade de ser admirado − suas ideias e seus produtos teriam que atender as necessidades e os desejos de outras pessoas. Para tanto, ele não tinha que apenas desenvolvê-los, mas torná-los melhores do que os produtos feitos por outras empresas, ou seja: o iPhone foi moldado pelo mercado, o ambiente que os socialistas chamam de injusto e opressor.
Para transformar ideias em produtos acessíveis à população, Jobs teve que perseguir o lucro para financiar suas pesquisas. Adotou o princípio de divisão do trabalho, com linhas de montagens e hierarquias produtivas cujos salários não eram pagos em função dos esforços empregados por cada trabalhador, mas sim pela responsabilidade, especialidade e disponibilidade de cada um. Pagando salários diferentes para funções e responsabilidades distintas, Jobs obteve grandes lucros e tornou-se um bilionário, mas sob o raciocínio marxista, Steve Jobs foi apenas um “explorador capitalista”.
E então? Qual socialista de iPhone sente-se desconfortável por contribuir com essa inescrupulosa cadeia de exploração do trabalho humano? Pelo que parece, nenhum.
O que muitos fazem questão de ignorar é que a Apple é consumida mais como grife do que como produto, ou seja, por vaidade. Windows e Android são mais populares, enquanto quem quer algo mais requintado, paga mais caro por produtos Apple.
Todos os recursos mais importantes encontrados num iPhone são encontrados nos smartphones mais baratos, mas, mesmo assim, o iPhone é o produto mais desejado do mercado. E o que sustenta essa demanda é o lucro obtido por centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro; e é apenas isso, o lucro, que possibilita que pessoas consumam algo além do que precisam para sobreviver.
Considerando que os socialistas são contra o “excesso de lucro” e que todas as inovações dependem de pesquisas financiadas por recursos provenientes do lucro, como seria definido o lucro justo que cada pessoa e cada empresa poderia obter para financiar suas pesquisas, as quais são processos cheios de imprevistos? Não adianta recorrer à “mais-valia”, esse conceito já foi refutado há 150 anos.
Os iPhones não representam apenas telefones celulares mais caros e bonitos. Eles representam a essência do capitalismo que, ao contrário do socialismo, não é um sistema desenhado e imposto por estados para atingir determinados fins. O capitalismo é um ambiente desenvolvido espontaneamente pela civilização humana ao longo de sua história, permitido em maior ou menor grau por estados; e é a partir desse ambiente que pessoas obtém ou não lucros, que produtos ganham ou não a preferência dos consumidores, que tecnologias são ou não são desenvolvidas, que sociedades conseguem ou não prosperar.
Empreendedores de sucesso surgem em maior número em países mais capitalistas não porque possuem pessoas mais inteligentes, mas porque os indivíduos são mais livres; e é essa liberdade que cria a desigualdade de riqueza, comprovadamente melhor do que a igualdade na pobreza imposta pelas ditaduras socialistas.
Regimes socialistas não conseguem criar produtos de qualidade e tecnologias relevantes simplesmente porque impedem que seus cidadãos empreendam negócios livremente, impondo condições para o sucesso e limites para a prosperidade individual.
Aos socialistas, uma sugestão: não contribuam com a “exploração do trabalho”, nem com o “individualismo”, o lucro e da vaidade. Organizem um grande ato público e queimem seus iPhones! Queimem também suas roupas de grife! Apaguem suas contas de e-mail e seus perfis nas redes sociais! Chega de Google, de Netflix, de cartões de crédito e de tudo mais que esteja enriquecendo as grandes corporações capitalistas! Substituam lâmpadas por velas artesanais e computadores por cadernos de papel! Criem empresas de acordo com as relações de trabalho que vocês tanto defendem e provem ao mundo que a sabedoria que preenche suas mentes e a luz que emana de suas almas são suficientes para criar produtos e serviços melhores e mais baratos do que aqueles oferecidos pelo capitalismo, sem exploração, sem exclusão e sem interesses particulares se sobrepondo aos interesses coletivos!
Socialistas do mundo, desiPhoni-vos!