Nas Olimpíadas de 2008 em Pequim, para deixar a cidade “mais bonita”, o governo chinês (de partido socialista unitário) investiu R$ 3,2 bilhões na remoção de mendigos e ambulantes das ruas, admitindo que a mendicância não poderia ser erradicada.
Para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, 20000 pessoas foram desabrigadas pela prefeitura da cidade para dar lugar as obras do evento. É o caso da região conhecida como Metrô-Mangueira, que fica a um quilômetro do Maracanã, área turística e alvo de interesse imobiliário.
A justificava usada pelo estado para a promoção de grandes eventos é o tal “legado”. Para ter uma ideia do que isso significa, as dívidas das Olimpíadas de 1976 em Montreal, Canadá, só foram quitadas 30 anos depois com o aumento de impostos municipais e do estado de Quebec.
Na África do Sul, os prejuízos de sediar a Copa do Mundo de 2010 e os custos de manter o “legado” são tão altos, que um estudo mostrou que compensa mais demolir cinco estádios do que mantê-los, ainda que estes “elefantes brancos” sejam alugados para casamentos e até funerais.
Políticos têm tanta certeza da passividade dos “contribuintes” que quando associados a algumas empresas, faturam alto com a promoção do “legado público”. Estima-se que a FIFA tenha faturado mais de R$ 5 bilhões na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Nas Olimpíadas atuais, o custo chegou a R$ 38,2 bilhões de reais, sendo R$ 16,4 bilhões vindos dos pagadores de impostos brasileiros.
Enquanto você se deslumbrava com a abertura do evento, achando linda a romantização da favela e a promoção do funk como excelência cultural, o dinheiro que falta no seu bolso para pagar aquilo que só você sabe e deseja está indo para a criação do “legado”, com lucros privados e prejuízos socializados. Tudo o que os liberais mais condenam.