O “paraíso” socialista defendido pela esquerda brasileira, onde não há empresas privadas e somente uma estatal para oferecer serviços de telefonia existe e fica em Cuba. Só que esse paraíso está bem longe de ser o que os socialistas pregam por aí. Milhares de cubanos são obrigados a usarem apenas a internet oferecida pela estatal cubana ETECSA. E esse serviço é caro e demanda algumas horas de fila para acessar.
Quando o assunto é privatização, o primeiro argumento dos socialistas é o alto número de reclamações das empresas privadas de telefonia no Brasil. Mas eles esquecem que antes da privatização da telefonia, em 1998, os brasileiros viviam como os cubanos hoje. Conseguir uma linha telefônica custava milhares de reais e a instalação podia levar anos para ser feita. E o pior é que as pessoas tinham que pagar antecipadamente, e milhões de consumidores ficavam numa fila de espera interminável. As linhas telefônicas eram consideradas uma espécie de bem, como se fosse um carro ou um eletrodoméstico. Um serviço precário com um alto custo, fornecido pelo governo.
Para acessar internet em Cuba, os cubanos gastam até R$ 9,60 a hora. E não pense que é internet 3G no celular não, os serviços existentes em Cuba são parecidos com as lan-houses, o cubano tem que acessar internet fora de casa por um computador ou através de alguns pontos de Wi-Fi. Há poucos anos, para dar impressão que Cuba chegou ao século XXI, o governo cubano instalou pontos de acesso a Wi-Fi em Havana. Mas além de caro é quase uma missão impossível para conseguir comprar os cartões que liberam o acesso.
O TRÁFICO DE INTERNET
Na era da estatal Telebras no Brasil, conseguir instalação de uma linha de telefone poderia durar meses. Mas era possível dar um jeitinho. Muitos brasileiros pagavam um pouco a mais para técnicos da empresa instalarem ilegalmente as linhas de telefone em prazo menor. Era o “tráfico de linhas” para aqueles que não queriam esperar pela boa vontade do monopólio estatal.
Em Cuba, há também os “traficantes de internet“. Para acessar internet nos pontos de Wi-Fi, existem alguns quiosques que vendem cartões de internet, mas propositalmente esses lugares nunca se encontram abertos. Os cubanos, então, precisam percorrer alguns quilômetros para chegar até as lojas da ETECSA e depois ainda precisa pegar fila. Para pular todos esses obstáculos, alguns cubanos recorrem ao mercado negro e pagam um pouco a mais aos “traficantes de internet”, que vendem esses cartões para acessar internet fora das lojas da estatal.
O preço de cada cartão custa em média US$ 2,00 a hora. O que é absurdamente caro para a maioria dos cubanos que ganham em média US$ 50,00 ao mês. Devido a esse preço e as diversas dificuldades impostas pelo governo, apenas 5% da população em Cuba tem acesso a internet. O país está entre os países com piores índices de inclusão digital do mundo.
NA DIREÇÃO DO CAPITALISMO
Em Cuba, ainda não se fala em privatização da ETECSA, mas desde que o ex-presidente Barack Obama reaproximou os EUA da ilha, muita coisa mudou. Empresas privadas americanas de telecomunicação como Google e AT&T já se tornaram parceiras da estatal para melhorar a precária infraestrutura da internet cubana. Hoje, a internet mais rápida em Cuba fica em um estabelecimento da Google, que oferece internet gratuitamente aos cubanos.
Enquanto os cubanos sonham para o capitalismo norte americano chegar na ilha e oferecer internet de qualidade, no Brasil alguns ainda querem voltar ao modelo estatal que nunca funcionou no país e continua sendo o maior fracasso em Cuba.