A greve que mantém bancários paralisados por todo o país há mais de dez dias tem como um de seus objetivos forçar os bancos a acabar com os modelos de agências digitais, uma opção que tem ganhado força entre os clientes devido à redução — às vezes a zero — das taxas de manutenção.
Os grevistas reclamam que, embora venha embalada numa roupagem que indica revolução, as agências digitais são basicamente centrais de atendimento com funções bancárias, o que moveu parte das operações para outro tipo de ambiente. Além de não fazer greves, as máquinas fazem quase o mesmo serviço a custo muito menor.
A pauta específica de reivindicações dos bancários inclui jornada de 25 horas semanais, enquanto a maioria dos trabalhadores brasileiros trabalham mais de 40 horas semanais. Além disso, exigem priorização do pessoal do banco antes da abertura das vagas para trabalhadores terceirizados, e mais cuidado com o remanejamento de pessoal entre agências físicas e digitais, além de disponibilização gratuita de equipamento de trabalho.
O sindicato dos Bancários chama atenção ainda para a falta de acesso ao ambiente em que estão lotados os bancários das agências digitais. “A lista de desrespeitos que os funcionários denunciam ao sindicato é extensa, por isso a pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2016 inclui cláusulas para melhorar as condições de trabalho nesses locais, onde o acesso de dirigentes sindicais é absurdamente proibido”, relata Ivone Silva, secretária-geral do sindicato.
A forma como as reivindicações vêm sendo apresentadas à sociedade, entretanto, tem prejudicado a imagem dos bancários junto à população. É possível encontrar pelas redes sociais reclamações sobre o fato de que as agências digitais estão sendo apontadas como vilãs. Essa insatisfação ocorre porque o modelo de negócios é mais barato e menos burocratizado que o tradicional, dois fatores que o fizeram cair nas graças dos clientes.