A China acabou no último dia 1° de janeiro com mais de dois milênios de controle estatal sobre o sal, o monopólio mais antigo do mundo, nascido antes da unificação do país e da Grande Muralha, um infraestrutura defensiva construída com as receitas geradas pelo produto. O estado de Qi, no leste do país, adotou o monopólio estatal sobre o sal por volta do século 7 a.C., ideia que foi copiada pela dinastia Han no século 2 a.C. para financiar a expansão do império recém-unificado e mantida até 31 de dezembro de 2016.
Uma única empresa, a Corporação Nacional da Indústria do Sal da China, decidia os níveis de produção, os preços e os canais de distribuição sob a premissa de garantir que o sal iodado fizesse parte da dieta de toda a população. Entretanto, as receitas derivadas do sal para os cofres do estado, tão importantes no passado, diminuíram progressivamente até atingir menos de 1% do total, o que acabou por convencer Pequim a realizar a reforma.
O monopólio estatal sobre o sal gerou um mercado negro do produto nas províncias do interior – dada a proibição de transportar o produto sem permissão estatal, incluindo dentro do país – o que levou à criação de uma força policial para combater a venda “ilegal” de sal.
Com o plano que entrou em vigor, o governo chinês deixará que produtores autorizados se transformem em atacadistas e decidam como distribuir o sal e a que preço. A medida deve aumentar a concorrência no setor e reduzir os preços para mais de 1,3 bilhão de consumidores.