O Detran do Rio Grande do Sul concluiu que a queda histórica dos acidentes no estado tem ligação com a crise econômica. No Rio Grande do Sul não houve redução de velocidades como ocorreu na cidade de São Paulo, e mesmo assim houve queda de 14% nas mortes no trânsito, a maior queda desde 2007.
O ILISP realizou algumas pesquisas em outros estados para validar a correlação das mortes em trânsito com a crise econômica e os números são surpreendentes.
Em Salvador, houve 15% menos mortes no trânsito em relação a 2012. No Espírito Santo, mortes no trânsito caíram 23,5% em relação a 2014. Em Curitiba, os dados de 2014 mostram queda de 30,6% em relação a 2010. Em Porto Alegre, houve queda de 30% em relação a 2014. Em Belo Horizonte, houve redução de 17,3% nas mortes em relação a 2014. Nas estradas da região de campinas, no estado de São Paulo, houve queda 21%. Nas estradas de MG, houve queda de 25,5%. E na cidade de São Paulo, houve queda de 20,6%.
Em uma reportagem da Folha de São Paulo, de ontem, 22 de março, o urbanista Flamínio Fichmann apontou que o principal fator para a queda das mortes no trânsito de São Paulo foi a redução da velocidade adotada pelo prefeito Fernando Haddad. Porém, a cidade de São Paulo teve uma queda dentro da média de outras capitais, onde não ocorreu redução de velocidade. A redução de mortes na cidade foi, inclusive, menor que nas rodovias do próprio estado, onde a velocidade continua a mesma.
CRISE FEZ DIMINUIR O NÚMERO DE VEÍCULOS EM SÃO PAULO
Para o consultor Sergio Ejzenberg, a maior velocidade média no trânsito de São Paulo é resultado da redução do número de veículos, que, por sua vez, tem ligação direta com a atividade econômica. “O comportamento do trânsito é reflexo direto da crise, que deixa as lojas vazias e reduz o comércio.”
Paulo Cesar Marques da Silva, professor de engenharia de tráfego da UnB (Universidade de Brasília), também vê a crise como fator que diminui o número de viagens. Mas acredita que a saturação do trânsito nos últimos anos pode estar levando à busca de alternativas. “As pessoas mudam hábitos, desistem do carro e vão para o ônibus, para as ciclovias.”
CONLUSÃO
A crise econômica fez os brasileiros mudarem o hábito no trânsito, e buscaram soluções alternativas como o transporte coletivo e privado como Uber. A explosão de usuários do Uber durante a crise confirma esses dados. Uma pesquisa do Ibope apontou que o índice de paulistanos que têm carro e dizem usá-lo todos os dias caiu de 56% para 45% neste ano em relação ao levantamento feito em 2014.
Na visão do vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, Antonio Carlos Pela, a crise é o principal fator para a redução do trânsito, causada também pela queda do número de fretes. “A redução da movimentação econômica derruba a demanda pelo transporte comercial terrestre. É um efeito cascata.” Segundo a entidade, as vendas caíram 3,9% no primeiro semestre, pior resultado desde 2009. Com a retração da produção, o transporte de cargas também diminuiu. O tráfego nas estradas de São Paulo caiu 6%, enquanto as entregas recuaram cerca de 15%.
A queda de veículos em ruas e rodovias, causadas pela crise, juntamente com a diminuição de caminhões devido à queda nos fretes, contribuíram para a redução nos acidentes e, consequentemente, a diminuição de mortes no trânsito. Mesmo com os dados evidentes na queda de veículos e da própria conclusão do Detran-RS, o departamento de transporte ligado a prefeitura de São Paulo continua a divulgar correlações falsas sobre a redução nos acidentes com o objetivo de aumentar a arrecadação da prefeitura de São Paulo. O prefeito Haddad teve aumento de 17% em arrecadação com multas e usa a queda nas mortes em trânsito para justificar medidas como a redução da velocidade nas marginais.