A crise da imprensa, cada vez mais alheia aos diferentes pensamentos que formam a sociedade brasileira, se aprofundou ainda mais em 2016. Em levantamento realizado pelo Portal Comunique-se, 13 veículos de comunicação fecharam as portas – ou deixaram de circular em papel – no ano passado.
Rádio, TV e internet
Em outubro, foram anunciados os fechamentos de dois veículos controlados pela Rede Amazônia: as operações no Acre da TV Amazon Sat e da Rádio CBN. Pelo menos 15 funcionários foram demitidos. A Rádio Globo de Belo Horizonte encerrou suas atividades em dezembro depois de 14 anos de funcionamento, demitindo 20 profissionais.
No online, o portal de notícias Fato Online, do empresário Silvio Assis, encerrou suas atividades demitindo mais de 100 funcionários.
Mídia impressa
Em janeiro, a Gazeta do Oeste – que circulava no município de Mossoró, no Rio Grande no Norte – fechou as portas após 38 anos de atuação no jornalismo. Lançado em 1985, o Jornal da USP teve sua versão impressa encerrada em março. Outro veículo que também encerrou sua versão em papel foi o Jornal da Paraíba, que circulou pela última vez em 10 de abril, resultando em 91 demissões.
O Jornal do Commercio do Rio de Janeiro encerrou em abril sua história de quase 189 anos de circulação, sendo até então o mais antigo da América Latina, e também anunciou o fim do impresso Diário Mercantil, dispensando 24 profissionais. A versão impressa do jornal A Região, de Itabuna – BA, deixou de existir em outubro de 2016. Em outubro, o mensário Jornal da Noite, de Porto Alegre, fechou as portas depois de 30 anos de história e do falecimento de seu fundador e editor, Danilo Ucha.
Responsável pelo jornal Correio de Uberlândia, no triângulo mineiro, o grupo Algar anunciou em novembro que as atividades do impresso seriam encerradas no último dia do ano, sem informar o número de funcionários demitidos. Por fim, em dezembro, chegou ao fim a versão impressa mensal da revista TPM, da Editora Trip, que passará a ser apenas eletrônica.
Demissões
O ano e 2016 também foi marcado por demissões em mídias que continuam ativas, mas que agora funcionam com equipes cada vez mais reduzidas. Levantamento realizado pelo Portal Comunique-se com base no site Volt Data Lab, aponta que mais de 500 profissionais da imprensa perderam seus empregos no ano passado.
Em Minas Gerais, o jornal Hoje em Dia desligou cerca de 40 jornalistas (quase metade da redação) em fevereiro deste ano. Outra publicação que abriu mão de 50% de sua força de trabalho foi o Jornal de Brasília, que perdeu 15 dos 30 profissionais que atuavam no impresso. O portal iG encerrou definitivamente suas operações em Brasília em fevereiro, deixando oito pessoas desempregadas, e demitiu mais duas jornalistas em junho.
A situação também alcançou grandes redações do eixo Rio-SP, como a Folha de S. Paulo, que em dezembro promoveu seis cortes, mesmo depois de ter unificado as editorias de ‘Cotidiano’ e ‘Esportes’ e realizado mudanças na sucursal carioca, demitindo ao menos 10 profissionais em setembro. Em maio, nove profissionais foram demitidos dos cariocas O Dia e Meia Hora. No Correio Popular, de Campinas (SP), três jornalistas foram demitidos.
Relançada em abril deste ano, a revista Playboy precisou enxugar sua redação após menos de um semestre de funcionamento, o que resultou em demissão de quatro jornalistas, deixando a equipe de redação com cinco pessoas. A Veja demitiu três profissionais, enquanto a Editora Abril, empresa que controla a Veja e outros títulos, demitiu o executivo Alexandre Caldini. O Globo dispensou o colunista Rodrigo Constantino após seis anos de trabalho. Por fim, a Elemidia demitiu um terço de toda sua equipe, 40 profissionais, em dezembro.
O ano também foi de demissões no rádio e na televisão. No Sistema Globo de Rádio, 20 jornalistas das praças de São Paulo e Rio de Janeiro foram desligados, enquanto a CBN promoveu 12 dispensas nas redações de São Paulo e Rio de Janeiro. A Jovem Pan demitiu seis profissionais. A Transamérica de São Paulo demitiu cinco profissionais em janeiro. Na televisão, a Record demitiu 55 funcionários que trabalhavam como auxiliares de cinegrafistas do jornalismo. A RIC TV, afiliada da Record no Paraná, desligou 30 trabalhadores, sendo oito jornalistas. A TV Gazeta de São Paulo encerrou o núcleo de criação da emissora e demitiu cerca de 30 pessoas. A Rede TV também promoveu cortes em sua equipe jornalística dispensando quatro profissionais.