Aos poucos vamos descobrindo os podres por trás da decisão do plenário do STF que rasgou a Constituição para salvar Renan Calheiros:
– A ideia de Renan Calheiros ignorar a liminar emitida por Marco Aurélio Mello foi orientada por um ministro do próprio STF por telefone. Tenho uma leve impressão que seja o mesmo ministro que não votou porque está no exterior e que atacou publicamente Marco Aurélio Mello pela imprensa.
– Aliás, esse ministro iria voltar às pressas ao Brasil para participar da votação, mas mudou de ideia na terça-feira com uma desculpa esfarrapada. Por que será?
– Na mesma terça-feira, o presidente Michel Temer se empenhou pessoalmente para buscar uma “solução alternativa” para Renan Calheiros junto ao STF, em conjunto com as “cúpulas do Senado, do PMDB e do PSDB, ex-ministros do STF, e os ex-presidente da República José Sarney e Fernando Henrique Cardoso”.
– Ainda na terça-feira, um repórter do UOL já sabia que Celso de Mello iria votar antes no processo (normalmente, Celso é o penúltimo a votar no plenário), a favor de Renan, e também sabia o voto dos ministros que iriam acompanhar a tese. Coincidência?
– Carmen Lúcia, presidente do STF, se reuniu com o petista Jorge Viana, 1° vice-presidente do Senado, e com o presidente do PSDB, Aécio Neves, para costurar o acordão. E pediu a um senador que “a ajudasse a pacificar a casa” porque “se tirar o Renan daquela cadeira, o governo de Michel Temer acaba”.
Resumindo: a sessão do STF de ontem não passou de um espetáculo circense com picadeiro montado entre segunda e quarta-feira para manter Renan Calheiros no poder.
E ainda tem gente dizendo por aí que a decisão do STF “respeitou a separação entre os poderes e a Constituição”.
Não é o que parece.