Ela se tornou peça chave na campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Dilma Bolada, personagem criada pelo estudante de publicidade Jeferson Monteiro, humanizava a presidente com fama de carrancuda e até mesmo conseguia criar uma aura de bom humor em torno de Dilma, coisa que ela jamais teve.
Dilma Bolada nasceu de uma brincadeira no Twitter para ironizar e ridicularizar as inúmeras gafes cometidas pela Presidente. Jeferson atirou no que viu e acertou no que não viu. Com a crise de popularidade provocada pelas manifestações de junho de 2013, o Planalto viu no fake humorístico de Dilma uma alternativa para tornar popular a presidente com fama de antipática. Tanta dedicação à causa rendeu a Jeferson não apenas a benção do governo, como um contrato com a agência de publicidade Pepper Interativa, responsável pela campanha de Dilma nas redes sociais em 2014, além do status de celebridade do mundo virtual.
O fake de Dilma tornou-se o General que comandava o exército de irritantes petistas e MAVs na guerra virtual aos adversários. Bastava um tuíte seu e milhares de seus aguerridos seguidores iniciavam o ataque. Sem dúvida alguma, Dilma Bolada foi uma das engrenagens mais importantes na máquina de destruir reputações comandada pelo PT. E foi exatamente por esse motivo que a CPI dos Crimes Cibernéticos convocou Jeferson para depor. Ele negou que tenha recebido dinheiro do PT.
“Eu sou contratado pela agência Pepper. Tenho contrato com a agência até o final do ano que vem. Nunca recebi dinheiro do PT, nem de propina, nem do governo”, declarou Jeferson. “Não posso falar dos contratos da Pepper com seus clientes e não tenho conhecimento de que o dinheiro que recebo da agência vem do Partido dos Trabalhadores”, completou.
Entretanto, a Revista Istoé dessa semana teve acesso à delação premiada de Danielle Fonteles, ré na Operação Acrônimo e dona da Pepper Interativa, em que ela afirma à Polícia Federal e ao MPF que Dilma Bolada recebia R$ 20 mil mensais do PT para promover a imagem de Dilma e criticar adversários políticos da presidente e do partido. Os pagamentos, segundo a própria Danielle, eram feitos por meio de sua agência.
Danielle também admitiu a movimentação de cerca de R$ 58,3 milhões em contas próprias, sendo que parte desse dinheiro foi utilizado para bancar despesas da campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014, principalmente o pagamento aos blogs favoráveis ao PT contratados para atuar na guerrilha virtual das redes sociais. A empresária disse ainda que o dinheiro que abasteceu o esquema, segundo orientação de Giles Azevedo, assessor pessoal da presidente Dilma Rousseff, foi obtido junto à OAS e à Odebrecht por meio de contratos fictícios ou superestimados.