A diferença de salário entre trabalhadores estatais e privados – os pagadores de impostos que sustentam o estado – cresceu em 2016. Enquanto em 2015 um funcionário estatal ganhava em média R$ 3.152 – 59,3% a mais do que um funcionário privado com carteira assinada– em 2016 essa distância passou para 63,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE.
A principal razão do aumento da desigualdade entre funcionários estatais e privados foi os movimentos inversos nos rendimentos de cada categoria. Enquanto o salário médio de um funcionário estatal aumentou 1,5% em um ano, o de um trabalhador celetista do setor privado encolheu 1,3%.
Isso acontece porque, em um momento de crise, um empregador privado pode efetuar demissões, enquanto os funcionários estatais praticamente não podem ser demitidos.
“A diferença aumentou porque no setor público não há demissões. Já no privado, houve muita demissão, e, quando o setor privado corta, ele começa pelos maiores salários, jogando a média geral para baixo”, disse Hélio Zylberztajn, coordenador da pesquisa Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica).
Os funcionários estatais foram a única categoria cujos salários não caíram em nenhum momento desde 2012, quando começou a pesquisa.
Considerando apenas servidores do governo federal, a maior parcela (24,8%) ganha entre R$ 4.501 e R$ 6.500, e 17,5% têm salário superior a R$ 13 mil, segundo o Ministério do Planejamento.
A maior perda salarial entre 2015 e 2016 aconteceu entre os empregadores, categoria que engloba empresários que trabalham no próprio negócio. De um ano para outro, o rendimento médio encolheu 6,1%, pressionado pelo faturamento em queda. Movimento semelhante aconteceu com os trabalhadores por conta própria, cujo rendimento médio recuou 3,5% no período.