No fim da última semana, diretores do alto escalão da Marvel se reuniram com lojistas de quadrinhos nos escritórios da Marvel, em Nova York. Ao todo, 14 dos maiores lojistas de quadrinhos, de diferentes localidades dos EUA (e um do Canadá), participaram da reunião, a primeira dessa grandeza desde a crise financeira da Marvel nos anos 1990. A reunião foi convocada depois da Marvel passar meses continuamente em segundo lugar, desde a metade do ano passado, no levantamento das HQs mais vendidas da distribuidora Diamond Comics – atrás de sua principal concorrente, a DC Comics.
E a resposta dos revendedores da Marvel foi óbvia: as pessoas não querem que as histórias de quadrinhos que apreciam sejam drasticamente alteradas para atender a pauta da esquerda com a inclusão de “minorias”. A avaliação dos varejistas é de que os leitores de quadrinhos são apegados às caracterizações clássicas de seus personagens favoritos e não estão interessados nas mensagens políticas (geralmente, de esquerda) incluídas nas histórias.
De acordo com o vice-presidente sênior de vendas e marketing da Marvel, David Gabriel, os revendedores atribuem a queda nas vendas, entre outros motivos, à “diversificação étnica” dos super-heróis da casa. “O que nós escutamos [dos revendedores] foi que as pessoas não queriam mais diversidade. Não queriam heroínas femininas. Foi isso que escutamos, acreditemos ou não. Não sei se isso é a verdade, mas foi o que identificamos nas vendas”, diz Gabriel, em referência à queda gradual que a Marvel tem sentido desde outubro, enquanto o projeto editorial Rebirth da DC faz sucesso com a retomada do “feijão com arroz” em suas HQs, como a volta do Superman pré-Novos 52.
Dessa forma, a Marvel já esboça uma volta às histórias tradicionais. A recém-anunciada minissérie Generations vai colocar heróis tradicionais como Steve Rogers, Tony Stark e mesmo personagens falecidos como Wolverine e Capitão Marvel lado a lado com seus recentes substitutos – no caso, Sam Wilson (negro, ex-Falcão) como Capitão América, Riri Williams (personagem feminina e negra) como titular da série do Homem de Ferro, X-23 (clone feminino, apresentado ao público no filme Logan) como Wolverine e Carol Danvers (personagem feminina) como Capitã Marvel.
Outros personagens alterados drasticamente pela Marvel nos últimos anos incluíram Thor (assumido pela herói feminina Jane Foster), Homem Aranha (assumido pelo negro Miles Morales), Hulk (assumido pelo coreano Amadeus Cho) e X-Men (onde o Homem de Gelo assumiu que é homossexual). A Marvel chegou inclusive a criar o “Occupy Avengers”, onde “Vingadores Sociais” combatem o mal.
Algumas séries de personagens alterados, como Miss Marvel com Kamala Khan (personagem feminina e islâmica) e a Garota Esquilo, representam sucessos pontuais na Marvel junto ao público que frequenta convenções e gera discussões sobre suas séries, o que mostra que o problema do público não é com a diversidade nas HQs, mas sim a alteração forçada das histórias mais conhecidas apenas para atender à pauta esquerdista.