O Congresso uruguaio decidiu na última quinta (17) abrir investigação contra o guerrilheiro tupamaro e ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015) por suspeita de corrupção relacionada à aprovação de uma planta de extração de gás da brasileira OAS, uma das empresas mais envolvidas na rede de corrupção investigada pela Operação Lava Jato. A investigação foi aberta pelo Congresso por um voto de diferença (50 a 49), após um deputado da coalizão de esquerda no governo, a Frente Amplio, votar contra a orientação do governo.
A investigação focará na contratação, feita em março de 2013 pela paraestatal Gas Sayago, da OAS para implantar uma planta regaseificadora no país. O ex-presidente brasileiro Luis Inácio “Lula” da Silva (PT) é suspeito de intermediar a negociação para contratar a empresa brasileira – que não tinha nem a melhor proposta técnica e nem a melhor proposta financeira da licitação – e permitir o desvio de recursos. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), na época ministro do Desenvolvimento de Dilma Rousseff, chegou a se reunir com um alto funcionário do governo uruguaio para obter o contrato para a OAS.
As obras da planta estão paradas desde fevereiro de 2015 e já geraram prejuízos de 65 milhões de dólares ao estado uruguaio. O presidente da OAS, José Pinheiro, foi condenado em 2015 a 16 anos de prisão por corrupção por subornar burocratas e políticos brasileiros a fim de obter projetos para a empresa junto à Petrobrás.
Em resposta à abertura da investigação, a Frente Amplio levará o deputado dissidente, Gonzalo Mujica (sem relação com o ex-presidente), a um julgamento interno por sua conduta política.