Estava escrevendo um texto sobre a delação de Delcídio e os impactos no processo de impeachment quando soube da noticia de ontem. Apesar de ficar animado de início achando que finalmente Lula seria preso, no decorrer do dia meu sentimento mudou e passou a ser de preocupação misturada com nojo e certo desânimo. Explico o porquê.
A princípio, Lula deveria ter sido encaminhado até Curitiba e isso não se concretizou, ele não passou de Congonhas. Vimos a velocidade em que os militantes de esquerda se mobilizaram para apoiá-lo. Apesar de serem meia dúzia de gatos pingados e parasitas estatais movidos a pixuleco e mortadela, deu para ter uma amostra de até aonde eles querem chegar. E eles querem mesmo é violência e tumulto, querem a baderna.
De todo o vitimismo que Lula expressou em seu pronunciamento a única coisa certa foi o final com a analogia da jararaca. Não adianta pisar no rabo, tem que dar um golpe na cabeça. Tem que sair algemado com provas contundentes e irrefutáveis. Na minha opinião elas já existem, mas sei lá por qual motivo ainda não jogaram esse homem na cadeia. Seria medo da mobilização? Seria medo deste confronto entre pelegos movidos a mortadela e cidadãos que não aguentam mais ter seu tempo roubado por esses canalhas?
Tempo sim, porque a máxima mais famosa que diz que “tempo é dinheiro” vale também como em qualquer equação que se inverte. Ao roubarem nosso dinheiro, esses bandidos estão roubando nossas experiências, nosso tempo aproveitando nossas famílias, nossa perspectiva de construção de uma nação e uma geração inteira de brasileiros que nasceram na era da esquerda no poder.
Não temo MST, MTST e os chamados “movimentos sociais”. Eles existem para politizar o que na verdade é um caso de polícia. A oposição formal representada no congresso por PSDB, DEM e companhia acerta ao focar nos processos já em tramitação sobre o impeachment ou sobre a impugnação da chapa do PT no TSE. Se eles se mobilizam fazem o que Lula quer, transformar o caso em briga política e o próprio Lula em perseguido como ele já é PhD em afirmar.
O que enoja é ver aqueles papagaios de pirata atrás dele, membros do Senado e do Congresso e supostos lideres estudantis como Carina Vitral da UNE e a Camila Lanes da UBES (essa que na época das invasões das escolas se dizia “apartidária”), os demagogos Lindbergh Faria e Jandira Feghali, além de Gleisi Hoffman beijando a mãozinha das pessoas atrás do ex-presidente Lula. Foi um show de mentiras e de como a esquerda é cara de pau. E o anfitrião era Lula, usado o mesmo discurso vitimista e de ódio de classes que o tornou popular a 30 anos.
O que me desanima é saber que dentro do Brasil existe uma massa que ainda admira Lula mesmo sabendo de tudo isso, não porque se faz de cego ou acha que é “manipulação da mídia golpista”, mas porque genuinamente acredita que não há nada de errado em receber favores em troca de influência, bem como pensa que Lula representa o operário que passou a perna na elite e hoje toma vinhos caros e curte um sítio em Atibaia e um “apê no Guarujá”.
Vejo diariamente um povo que se identifica com ele e que se estivesse em seu lugar faria a mesma coisa. Lula não comprou um apartamento em Nova Iorque e imóveis em Miami como políticos de gosto refinado, ele é um líder populista de gostos caros, mas menos sofisticados. Lula optou por um sitio em Atibaia com dois pedalinhos medonhos e um barquinho de pesca, bem como um apartamento com vista pro mar no Guarujá. É o sonho dos seus eleitores. O povo não segue aqueles que espelham o que o povo é, e sim o que o povo almeja ser. O que me assusta é essa massa de iguais a ele que o apoia.
Espero que este episódio seja, como disse um dos investigadores, apenas o “aperitivo”. Se não nos mobilizarmos e o povo não acordar do transe, o processo contra Lula acabará sendo enfiado no local que Lula deseja.