No clássico romance “A Revolta de Atlas”, a escritora Ayn Rand descreveu um mundo onde os pensadores, os inovadores e os indivíduos criativos, assim como Atlas da mitologia grega, suportam o peso de um mundo decadente enquanto são explorados por parasitas que não reconhecem o valor do trabalho, da produtividade e que se valem da corrupção, da mediocridade e da burocracia para impedir o progresso individual e da sociedade.
Mas na Venezuela, a realidade é ainda pior que a ficção. O ditador Maduro, como medida do estado de exceção, declarou a intervenção nas fábricas que estiverem paralisadas e a detenção dos empresários que pararem a produção, que ele chama de objetivo de “sabotar o país”. Sendo que estes empresários tentaram o impossível para garantir produtividade em um país arrasado pela pretensão autocrática do domínio socialista.
“No âmbito desse decreto em vigor (…) tomemos todas as ações para recuperar o aparelho produtivo que está sendo paralisado pela burguesia (…), e quem quiser parar para sabotar o país que vá embora, e o que fizer isso deve ser algemado e enviado para a PGV (Penitenciária Geral da Venezuela)”, declarou Maduro, em um comício no centro de Caracas.
A medida pode implicar a tomada de quatro fábricas de cerveja da Empresas Polar – a maior produtora de alimentos e de bebidas do país. Essas unidades estão paradas desde 30 de abril devido a falta de acesso a divisas para importar insumos. O estrito controle cambial, que restringe negociações em moeda estrangeira, algo essencial para importações e exportações, foi imposto em 2003 por Hugo Chávez (1999-2013).
Submetidos a anos de restrições graduais de liberdade, o bolivarianismo pode estar próximo de tomar sua ação de destruição final:
“No próximo sábado, convoquei exercícios militares nacionais das Forças Armadas, do povo e da milícia, para nos prepararmos para qualquer cenário”, afirmou Maduro, em entrevista à televisão estatal.