A Venezuela enfrenta uma gravíssima crise econômica criada pelo socialismo há alguns anos e ignorada pela mídia internacional por bastante tempo até tomar proporções tão grandes que não houve mais como ignorar o que estava acontecendo no país. Hoje, a crise econômica é de conhecimento público, mas o caos social e as profundas violações de direitos humanos que ocorrem no país, dentre elas, meninas venezuelanas que se prostituem para comer, seguem sendo ignorados por boa parte da mídia mundial.
Mariela (nome fictício) tem 14 anos. São 11h quando ela grita em frente a cerca de 20 caminhões estacionados nos arredores do Mercado Los Plataneros, em Maracaibo, no oeste da Venezuela: “Oferta, oferta! Leve-as por cem bolívares!”. Ela usa batom vermelho, short jeans justo e uma camisa falsa do Real Madrid.
Mariela recebe 4 mil bolívares (R$ 3,00) por dia para vender frutas nas plataformas onde os veículos ficam parados. Ganha menos de um dólar por dia em um país onde há um controle severo do câmbio por parte do estado e várias cotações para a moeda americana no câmbio paralelo, onde a moeda tem o seu real valor definido.
O Mercado Los Plataneros opera 24 horas por dia e, apesar das meninas afirmarem que estão no lugar para vender frutas nas plataformas, a cena mais comum é vê-las oferecendo o próprio corpo como mercadoria em troca de 1 mil a 2 mil bolívares (entre R$ 0,75 centavos e R$ 1,50, de acordo com a cotação do câmbio paralelo) para comprar comida. Bananas e outros tipos de alimentos também são aceitos como pagamento.
Os programas acontecem dentro de caminhões, em pequenos apartamentos nos arredores do mercado ou em barracões. Também é comum ver menores de idade consumindo bebidas alcoólicas e drogas. A polícia local apreende cerca de dez mulheres por semana, mas as operações geralmente acabam em conselhos e liberação de todas elas.
No estado de Zulia, do qual Maracaibo é a capital, a desnutrição infantil chegou a 20%, de acordo com informações da Secretaria de Saúde. Uma pesquisa da Universidade do Estado de Zulia revela que a pobreza atinge cerca de 80% dos 3,7 milhões de habitantes da região.
Apesar dessa clara violação de direitos humanos, nenhuma entidade de defesa dos direitos humanos ou direitos das crianças se pronunciou sobre o assunto.