A Suíça não será mais o primeiro país no mundo a oferecer renda básica incondicional para todos os habitantes. Mais de três quartos dos eleitores rejeitaram hoje (05) uma iniciativa popular lançada por um grupo de cidadãos. Regulada por uma democracia participativa (a maior parte das propostas federais são votadas em plebiscito), 78% dos eleitores rejeitaram a ideia populista mais visionária do país. A participação eleitoral, que é eletiva, foi de 46%.
O resultado desta votação reforça alguns aspectos culturais da Suíça, que parece avessa às grandes rupturas sociais e é intrinsecamente ligada ao valor do trabalho. O comitê da iniciativa, que contou com o apoio do Partido Verde e da extrema-esquerda do país, chegaram a promover eventos espetaculares nos últimos três anos como jogar oito milhões de moedas de 5 centavos do franco na rua frente ao Palácio federal (o prédio do Parlamento e sede de alguns ministérios) e a distribuição gratuita de notas de 10 francos nas estações de trem que garantiu um registro no livro Guinness dos recordes, entre outros apelos populares.
A percepção da população, comprovada em pesquisas, sobre a incapacidade de financiar uma medida fantasiosa dessas mesmo em um país como a Suíça, e seu impacto que desvaloriza a motivação para o trabalho, foram fatores preponderantes na hora de votar.