Na semana passada, uma comparação esdrúxula causou amplas discussões na Internet: a comparação entre os salários de Marta e Neymar – com base no número de gols feitos na seleção, como se o salário de um atleta dependesse somente da seleção – com o claro intuito de inferir “machismo” nos esportes. A comparação foi devidamente destruída pela página Caneta Desesquerdizadora, que colocou a realidade dos dados na mesma imagem:
Marta, que foi eleita cinco vezes a melhor jogadora de futebol do mundo, recebe $400.000,00 por ano (R$ 1.300.000,00) de seus patrocinadores – Coca-Cola e Puma – que utilizam sua imagem para aumentar as vendas junto às mulheres. O clube em que Marta atua, o FC Rosengård da Suécia, não paga qualquer salário à atleta, dado que o futebol feminino atrai cerca de 1.000 pagantes por jogo naquele país. Mesmo assim, o salário de Marta é o segundo maior do mundo no futebol feminino, atrás apenas da atacante americana Alex Morgan ($450.000,00 por ano), que atua na principal liga de futebol feminino do mundo, a dos EUA.
Pode parecer “pouco” perto de alguns salários do futebol masculino, com o de Neymar, mas na verdade Marta ganha um salário superior ao de 99,6% dos jogadores de futebol masculino que atuam no Brasil. De acordo com levantamento feito pela CBF no ano passado, 99,6% dos jogadores atuando por aqui ganham menos de R$ 100.000,00 por mês (R$ 1.300.000,00 por ano, contando o 13° salário), sendo que a ampla maioria (82,4%) ganham até R$ 1.000,00 por mês.
Obviamente, futebol é um jogo com 11 atletas e não apenas Marta. E o salário das demais integrantes da seleção brasileira feminina continua superior à ampla maioria dos jogadores de futebol. As 23 atletas escolhidas para a seleção permanente – como muitas não têm clubes por falta de demanda, foi necessário montar uma seleção permanente até o final das Olimpíadas – recebem no mínimo R$ 9.000,00 por mês, o que as coloca entre o 4% de jogadores mais bem pagos do futebol nacional.
Ou seja: mesmo tendo uma demanda inferior pelo futebol feminino, os salários das jogadoras da seleção brasileira segue acima dos salários das ampla maioria dos jogadores de futebol masculino atuantes no Brasil.