A exposição Queermuseu, feita no Santander Cultural de Porto Alegre/RS e cancelada após mobilização nas redes sociais, chamou a atenção não apenas pelos quadros com pedofilia e zoofilia, como também por seu financiamento: R$ 800.000,00 financiados por meio da Lei Rouanet.
A fonte do financiamento, entretanto, foi pouco comentada: o próprio Grupo Santander Brasil financiou a obra por meio da Lei Rouanet, doando com isenção fiscal para que fosse realizada em suas dependências. Em outras palavras: o grupo deixou de destinar o valor – tirado de seus clientes pagadores de impostos – ao governo, destinou para uma exposição nas suas próprias instalações e obteve retorno com o capital “investido” por meio da venda das entradas. Um “negócio da China” que tem sido um padrão do grupo no Brasil.
O ILISP identificou 31 projetos financiados pelo Grupo Santander Brasil que utilizaram o mesmo expediente: doações via Lei Rouanet para obras sediadas nas próprias instalações do Santander ou que financiaram acervos ligados ao banco. Com exceção da exposição “A Vastidão dos Mapas” – que rodou pelo Brasil mostrando o Acervo de Cartografia do Santander – todos os demais projetos tiveram como sede o Santander Cultural de Porto Alegre/RS, o Santander Cultural de Recife/PE (fechado em 2014) e/ou o Teatro Santander em São Paulo/SP.
Ao todo, o grupo destinou R$ 34.200.000,00 via Lei Rouanet, desde 2010, para projetos sediados em suas instalações. As doações foram feitas por meio das diversas empresas do grupo: ABN Amro Management, Aymore Crédito, Banco de Pernambuco, Banco Santander Meridional, Banespa, Getnet Adquirência, Noroeste Distribuidora de Títulos, Santander Capitalização, Santander Consórcio, Santander Leasing, Santander Microcrédito, Santander Seguros, Sudameris Corretora de Câmbio e Webmotors.
O ILISP divulga abaixo a listagem completa com nome, link no site do Ministério da Cultura e valores destinados pelo Grupo Santander Brasil a cada projeto:
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Fora os projetos já financiados pelo Grupo Santander Brasil, há também novos projetos do grupo cuja captação via Lei Rouanet foi autorizada pelo Ministério da Cultura, mas ainda não possuem recursos destinados ao projeto. São eles o Cine Santander Cultural (2018) com R$ 554 mil autorizados e o Santander Cultural Instrumental (2018) com R$ 936 mil autorizados.
Entre os anos de 2010 até o final do primeiro semestre de 2017, o lucro líquido do Grupo Santander no Brasil foi de R$ 25 bilhões.