A pressão exercida por milhões de brasileiros nas redes sociais e pacificamente nas ruas foram determinantes para o Congresso destituir Dilma e a Lava Jato prender Lula. Não tivemos apoio nem da “classe artística”, nem de sindicatos e nem de “movimentos sociais”.
Por quase todo o período em que durou o movimento pelo impeachment, a imprensa fez de tudo para taxá-lo de movimento pela volta da ditadura. Tivemos tudo contra nós, porém, atingimos nossos objetivos e livramos o país de absurdos muito maiores do que os que vivemos hoje.
Dilma estava afundando o Brasil no caos econômico e Lula, mesmo condenado por corrupção, quer ser novamente candidato à Presidência da República prometendo, caso eleito, intervir diretamente na imprensa e na justiça.
A esquerda liderada pelo PT, por sua vez, desde sempre tem os tucanos como seus grandes vilões. Passaram mais de vinte anos gritando que tudo de ruim no Brasil era a “herança maldita de FHC” e ruminando os escândalos de corrupção atribuídos ao PSDB. O movimento do impeachment foi, segundo eles, uma conspiração tucana. “E o Aécio?” se tornou um mantra dos petistas e “isentões” sob qualquer acusação.
Diante disso, pergunto: por que nunca houve, de fato, um esforço do PT contra o PSDB?
Não se engane com o que parlamentares petistas falam nos palanques e na mídia, nem com o que militantes e “isentões” dizem nas ruas e nas redes sociais. O PT formou coligação com os “golpistas” em mais de 1600 cidades nas eleições municipais de 2016 e desde o começo da Lava Jato está alinhadíssimo com o PSDB para destruí-la.
Insisto: por que nunca houve ações reais e objetivas dos petistas para tirar de cena o partido apontado por eles como o grande problema do Brasil? Por que Lula nunca moveu um dedo para que a roubalheira do governo FHC fosse devidamente investigada?
O fato é que os petistas, desde que assumiram o poder em 2003, só promoveram eventos em favor da corrupção, digo, em favor de Dilma e Lula.
Na próxima semana, o STF julgará se aceita ou não a denúncia contra Aécio Neves. Haverá alguma manifestação organizada pelo PT, CUT e MST para pressionar a Suprema Corte a aceitar a denúncia? Os artistas da Globo irão à Brasília pedir que Aécio seja denunciando, julgado e preso o quanto antes?
Ninguém da extrema-esquerda fará isso porque o PT precisa que Aécio continue livre, no cargo e roubando porque alimenta sua narrativa de que o partido é perseguido “enquanto Aécio e outros tucanos são protegidos”.
Após a prisão de Lula, a pior coisa que pode acontecer aos petistas é Aécio ser condenado e preso. Se depender do PT, todos os processos contra tucanos ficarão engavetados.
Geraldo Alckmin está conseguindo se safar da justiça refugiando-se no TSE. Por que os petistas não levam seus militantes para a frente do tribunal em defesa do envio do processo ao STJ? Tenho certeza de que a imprensa repercutiria com muito gosto.
Conseguindo fazer o processo voltar ao STJ, os militantes poderiam pressionar para exigir celeridade no julgamento.
O PT poderia aproveitar o embalo e fazer a mesma coisa no STF para exigir o fim do foro privilegiado que beneficia outros tucanos. O que lhes impede de fazer isso?
No máximo veremos declarações de parlamentares e publicações no Facebook. Enquanto isto, as lideranças do PT continuarão torcendo pela impunidade de Alckmin, Aécio, Serra e outros.
E há outra razão para os petistas protegerem o PSDB: os tucanos são os maiores defensores dos petistas.
Em 2005, o PSDB teve a oportunidade de liquidar o PT por causa do escândalo do Mensalão. Em vez disso, pediu “prudência” à imprensa, à justiça e aos seus próprios eleitores. Fernando Henrique Cardoso foi o principal articulador da operação “abafa” que impediu que Lula e os esquemas na Petrobrás fossem investigados. O PSDB sequer cogitou pedir o afastamento de Lula.
Dez anos depois, durante quase todo o período em que ocorriam as manifestações pelo impeachment de Dilma, os tucanos se mantiveram “em cima do muro”. Decidiram apoiar o movimento apenas quando viram que ela seria mesmo afastada e, mesmo assim, o apoio foi contido.
Desde que a Lava Jato se aproximou de Lula, Fernando Henrique Cardoso deu entrevistas e publicou artigos dizendo que confiava na justiça, MAS… que seria ruim para o Brasil se Lula fosse preso. João Dória foi duramente repreendido por seus colegas de partido por causa das declarações que fazia contra Lula. Todas as lideranças do PSDB manifestaram desgosto com o processo contra Lula. Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus, chorou ao falar da prisão de Lula. Gilmar Mendes, notório homem do PSDB no STF, tornou-se um dos mais engajados defensores de Lula na corte.
Se dependesse dos tucanos nunca teria havia processo algum contra Lula e Dilma. Eles fazem parte do mesmo grupo e defendem as mesmas ideias, distinguindo-se um do outro apenas pela linguagem e pelos procedimentos que adotam.
Há ainda uma terceira razão para o PT desejar que o PSDB se safe na Justiça: a velha estratégia da “tesoura” na qual o movimento socialista se divide em diversos grupos e partidos para dar a impressão de que há diversidade política. Os marxistas de um lado. Os fabianos do outro. A mentalidade esquerdista em tudo.
Com isso, os dois partidos dividem apenas entre eles a massa de eleitores. Sem um dos dois, uma imensa lacuna se abre para ser preenchida por conservadores e/ou liberais.
Acreditar que PT e PSDB querem destruir um ao outro é uma ingenuidade tão grande quanto achar que dois lutadores de boxe se odeiam porque trocam golpes no ringue. Ao final de cada luta, eles se abraçam. No dia a dia, são amigos. Treinam na mesma academia. E sofrem quando vêem o outro machucado.